O doleiro londrinense Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, é acusado agora de comandar um esquema de lavagem de parte do dinheiro do mensalão pago ao ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. O esquema de compra de votos ocorreu no início do primeiro mandato do governo Lula (PT). A nova denúncia do Ministério Público Federal foi entregue no último dia 10 à Justiça Federal.
Segundo a Procuradoria da República, o doleiro teria lavado pelo menos R$ 1,16 milhão de um total de R$ 4,1 milhões repassados pelo empresário Marcos Valério, operador do esquema, ao então deputado federal Janene, líder do PP na Câmara na época do escândalo. Os cinco procuradores que assinam a denúncia acusam de participação do crime, além de Youssef, o também doleiro Carlos Habib Chater, o "Zezé", e outras oito pessoas, inclusive uma filha e dois familiares de Janene.
De acordo com a denúncia, o dinheiro entregue à Janene "foi investido na empresa Dunel Indústria, sediada em Londrina, utilizada para ocultar e dissimular a origem ilícita de recursos". O valor teria sido usado para "pagamento da aquisição de máquinas, equipamentos, serviços de terceiros, bem assim a pagar as despesas ordinárias da empresa Dunel Indústria, dentre os quais salários e pró-labore".
Os denunciados são acusados pelo crime de lavagem de dinheiro "pela movimentação, dissimulação e conversão em ativos lícitos de recursos originários, dentre outras fontes, do denominado esquema mensalão". Os procuradores destacam que, nos autos da Ação Penal 470 que se refere ao mensalão , José Janene foi denunciado por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O deputado foi acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões em propina.
Na nova denúncia, os procuradores citam que a transferência da propina teria sido feita pelo doleiro Carlos Habib Chater, entre outras pessoas, de agências bancárias com sede em Brasília (DF) e São Paulo (SP) a mando de José Janene e Alberto Youssef. Do valor total, R$ 537,2 mil são de transferências bancárias de contas de empresas controladas por Chater. O restante, R$ 618,3 mil, segundo a Procuradoria da República, "tem origem em receitas ilícitas administradas pela empresa CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais". A defesa do doleiro Alberto Youssef nega as acusações atribuídas pelo Ministério Público Federal.
Lava Jato
O doleiro londrinense Alberto Youssef é um dos alvos principais da Operação Lava Jato, que investiga lavagem de dinheiro, que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. Ele é apontado como mentor de organização criminosa que teria se infiltrado em órgãos públicos, como a Petrobrás. O ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera, Paulo Roberto Costa, também é alvo da Lava Jato. Os dois estão presos. Nesta nova denúncia, o ex-diretor da Petrobrás não é citado.