Protegido por um habeas-corpus que lhe garante o direito de ficar calado para não se autoincriminar, o delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz começou à tarde seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos na Câmara. Acompanhado por dois advogados, Protógenes se recusou a responder várias perguntas, entre as quais as que dizem respeito à participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha. "Eu me abstenho", repetiu Protógenes várias vezes.
Uma das poucas respostas que deu foi em relação ao filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luiz. Protógenes negou que Lulinha, como é conhecido, tenha sido alvo da investigação conduzida por ele. O depoimento dele acontece em clima de tensão. Vários deputados apoiadores do delegado, e que não fazem parte da CPI, compareceram à sessão, entre os quais Chico Alencar (PSOL-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Luciana Genro (PSOL-RS), Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
Enquanto Protógenes se recusava a responder perguntas, uma transparência foi exibida na tela da CPI com os dizeres: "O delegado apresentou várias versões em cinco depoimentos prestados, um na CPI e quatro no Ministério Público. Onde Está a Verdade?" A exibição irritou Chico Alencar. "Isso parece uma peça de marketing que, obviamente, constrange o depoente". E prosseguiu: "Quero saber se o Daniel Dantas quando vier aqui vai ter este mesmo tratamento?", questionou ele, em referência ao banqueiro sócio fundador do grupo Opportunity e um dos alvos da Satiagraha.
O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), respondeu dizendo que era material da comissão a lista das contradições de Protógenes. "Bom de marketing é o senhor", disse Itagiba a Alencar. O clima esquentou e o deputado do PSOL acusou: "Marketing do bem. Pelo menos não fui financiado por gente sócia do Daniel Dantas." E Itagiba retrucou: "Eu também não peguei minha verba de gabinete e coloquei em campanha em outros Estados.
Sanctis
A CPI também aprovou hoje a convocação do juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis, para prestar novo depoimento. O magistrado já falou à comissão no ano passado mas, segundo o presidente da CPI, faltam esclarecer alguns pontos, entre os quais o acesso geral ao extrato de chamadas de pessoas investigadas e o cadastro de clientes em oito empresas de telefonia.
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