Visita a favela atenua distância do presidente com a população
Rio de Janeiro - A visita relâmpago do presidente Barack Obama à comunidade de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi o momento mais informal em uma viagem marcada pela distância entre o visitante dos EUA e a população brasileira, imposta pelo esquema de segurança ostensivo que cerca o líder dos americanos. Leia mais
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Apreço no Conselho de Segurança da ONU
Uma viagem, muitos significados
Nos dois dias de viagem ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixará muitas palavras amigáveis e poucos acordos formais. Em troca, tentará incluir na bagagem o retrato de estadista internacional, um remédio para recuperar a popularidade dentro de casa. Mesmo distante de ações concretas, o simbolismo deve satisfazer tanto anfitriões como visitantes. Leia mais
Michelle Obama conquista brasileiros com mensagem de esperança
A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, conquistou os brasileiros em sua visita ao País, neste sábado (19), durante reunião com estudantes de escola pública em Brasília. Em seu discurso, Michelle contou parte de sua infância pobre, ressaltou a importância da educação e deixou uma mensagem de esperança: "É preciso sonhar grande e realmente trabalhar duro e assumir riscos", declarou. Leia mais
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Depois de dois dias no Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou o país na manhã desta segunda-feira (21). O avião Air Force One, que transporta o chefe de Estado, partiu da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 9 horas. O presidente e sua comitiva deixaram o hotel Marriot, em Copacabana, zona sul do Rio, de carro, às 8h20 em direção ao estádio do Flamengo, na Gávea, onde vão embarcar em um helicóptero que os levará à Base Aérea do Galeão.
Obama segue para Santiago, capital do Chile, onde continua sua viagem à América Latina. Lá, Obama se encontrará com o presidente Sebastián Piñera, com quem deve assinar acordos de cooperação econômica. O presidente norte-americano janta em Santiago e na terça-feira (22) segue para El Salvador, onde deve ficar menos de 24 horas.
Na noite de domingo (20), Obama encerrou sua agenda na capital fluminense com uma visita ao Cristo Redentor, um dos principais cartões-postais da cidade, junto com a esposa, Michelle, e as filhas, Malia e Sasha. Mais cedo, ele discursou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e visitou a favela Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na zona oeste, onde assistiu a apresentações de percussão e de capoeira.
Exemplo de democracia
No momento em que uma coalizão internacional lança mísseis sobre a Líbia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste domingo (20), em discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que os países são soberanos e não podem sofrer intervenções. Ele defendeu a democracia como princípio e direito de todos os cidadãos do mundo. Obama mencionou vários aspectos da cultura brasileira e o Brasil como exemplo de democracia consolidada.
?Nenhuma nação poderá se impor sobre outra nação?, afirmou Obama, sendo aplaudido pela plateia. ?Onde a luz da liberdade estiver acesa, o mundo estará mais iluminado, este é o exemplo do Brasil?, disse ele. ?A democracia é a maior parceira do progresso humano. A democracia oferece oportunidades para que todos os cidadãos sejam tratados com respeito?, acrescentou.
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Em seguida, o presidente reiterou que os Estados Unidos têm condições de falar sobre as conquistas a partir da consolidação dos sistemas democráticos. ?Sabemos, por meio da nossa experiência nos Estados Unidos, que é importante trabalhar juntos até mesmo quando discordamos. Pode ser que o nosso modo de trabalhar seja lento e meio devagar, meio bagunçado, mas é preciso.?
Obama citou as manifestações populares nos países muçulmamos a partir da Tunísia, em janeiro, e que se estenderam para o Egito, a Líbia, o Iêmen, a Síria e outros locais do Oriente Médio e do Norte da África. ?Hoje, vemos uma revolução, baseada na Tunísia, por anseio pela dignidade humana. Homens, mulheres, dando-se o direito de determinar o próprio futuro?, disse ele.
No discurso de pouco mais de 15 minutos, com o texto improvisado, o presidente citou o escritor Paulo Coelho. ?Como diz o Paulo Coelho, com a força da nossa vontade e amor, podemos mudar?, afirmou, arrancando aplausos entusiasmados da plateia.
De manhã, Obama pretendia visitar o Cristo Redentor. Iinformações não confirmadas oficialmente indicam que ele adiou o passeio para o fim da tarde porque estava coordenando uma reunião vinculada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o agravamento da crise na Líbia.
A área em volta do local onde Obama esteve foi cercada por um forte esquema de segurança com soldados do Exército, que afastavam a população em um raio de cerca de 200 metros do Theatro Municipal. O discurso não foi transmitido em telões na Cinelândia, como inicialmente havia sido divulgado.
Aproximadamente 2,5 mil pessoas foram convidadas para acompanhar o discurso. Representantes de associações, entidades, organizações não govenamentais, além de políticos, empresários e artistas receberam convite. Na rede social Twitter, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que todos foram orientados a desligar os aparelhos celulares.
Na Cidade de Deus
Após duas horas de atraso e frustrar a expectativa dos moradores da Cidade de Deus (CDD), o presidente Barack Obama surpreendeu ao sair pelo portão, por volta das 12h, deste domingo (20), da escola Odylo Costa Neto e acenar rapidamente para alguns moradores. A saudação ao povo da CDD durou apenas alguns segundos que ficarão marcados na história da favela ? uma das maiores do Rio de Janeiro.
Para, a farmacêutica Rosangela Pio Miranda, dona de uma casa em frente ao portão do qual Obama saiu para cumprimentar as pessoas, o momento será lembrado ficará eternizado. Segundo ela, sua casa pode se tornar uma atração turística. ?Foi muito emocionante. Ele é um homem muito simpático e muito bonito?, disse.
Na casa que serviu de base para profissionais da imprensa internacional, os amigos e vizinhos da dona se sentiram, por instantes, os ?escolhidos? entre a comunidade que tem uma população de mais de 50 mil pessoas. ?Nós não pagamos nada e ainda o vimos. Ele até mandou beijinho pra mim?, disse Anderlúcia Nogueira. Minutos antes, ela tentava organizar uma vaia ao sistema de segurança que impedia o presidente Obama de confraternizar com os moradores. Fato que foi prontamente anulado com a simpatia do norte-americano.
Desembarque no Rio de Janeiro
Assim que chegou ao Rio de Janeiro, Obama ficou apenas quatro minutos no pátio da Base Aérea do Galeão, tempo suficiente para cumprimentar as autoridades. Ele foi recebido pelo governador do estado, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital, Eduardo Paes, e seguiu a um hotel.
Apreço
Em um Comunicado Conjunto dos presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama, um "apreço" à aspiração brasileira de ganhar assento permanente no Conselho de Segurança da ONU apareceu de forma mais assertiva do que no discurso feito no Palácio do Planalto pelo líder norte-americano no sábado.
Em sua fala, posterior ao discurso de Dilma, Obama tinha se limitado a dizer que os EUA continuariam trabalhando junto com o Brasil para tornar o conselho mais eficaz, eficiente e representativo.
Já o texto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores afirma que "o Presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança e reconheceu as responsabilidades globais assumidas pelo Brasil".
Os dois presidentes concordam que, como outras organizações de governança global, o Conselho de Segurança precisa reformar-se. Eles expressaram seu apoio a uma "expansão limitada" do conselho.
G-20
Os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff reconhecem o G-20 como o mais alto foro para coordenação de políticas econômicas globais. Ambos reiteraram a importância da consolidação do grupo e de seu papel na coordenação para a cooperação econômica internacional, incluindo encorajar a adoção de políticas necessárias para evitar grandes desequilíbrios econômicos e financeiros.
Dentro da discussão do G-20, o texto também aborda a volatilidade dos preços das commodities agrícolas e reconhece a necessidade de maior transparência nesses mercados, bem como de aperfeiçoamento da regulação dos instrumentos financeiros que afetam a formação de preços. Os líderes recomendaram cuidado ao considerar medidas que poderiam distorcer o funcionamento dos mercados de commodities. Dilma ainda enfatizou a disposição do Brasil de "prover liderança em temas alimentares internacionais, inclusive na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO)". O ex-ministro brasileiro José Graziano é candidato à direção da FAO.
Os presidentes também reafirmaram o firme compromisso de levar a Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), a uma conclusão "exitosa, ambiciosa, abrangente e equilibrada". Segundo os dois líderes, uma conclusão bem sucedida das negociações poderia aumentar a credibilidade e a legitimidade do sistema multilateral de comércio e desempenhar um papel útil para estimular o crescimento da economia global, especialmente criando empregos.
Comércio e Investimentos
EUA e Brasil reconhecerem a alta qualidade e diversificação do comércio entre ambos os países e o grande potencial dos investimentos recíprocos, particularmente nas áreas de infraestrutura, energia e alta tecnologia. Na área de energia, eles ressaltaram que ambos têm interesses convergentes, inclusive nos setores de petróleo, gás natural, biocombustíveis e outras fontes renováveis. Obama afirmou que os EUA buscam ser um parceiro estratégico do Brasil em energia. Em seu discurso, o presidente norte-americano chegou a dizer que os EUA querem ser "um grande cliente" de fontes de energia brasileiras, citando as novas descobertas de petróleo no Brasil e o interesse de ambos os países em energia limpa.
No comunicado conjunto, Obama "aplaude" o sucesso do Brasil na formulação de políticas públicas e programas para combater a pobreza, a desigualdade e a marginalização. Já Dilma saudou a possibilidade de ampliar atividades de cooperação internacional por meio da reprodução das melhores práticas brasileiras em matéria de desenvolvimento social. "A experiência do Brasil na construção de um modelo bem sucedido de desenvolvimento democrático poderia ser útil para países em processo de construção de suas próprias democracias e de superação de suas desigualdades sociais históricas", diz o texto.
Copa e Olimpíada
Considerando a realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, em 2014, e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016, Obama afirmou que os EUA têm experiência em eventos desse porte e querem compartilhá-la com os brasileiros, em particular em matéria de infraestrutura, segurança e proteção. Os dois presidentes saudaram a assinatura do Memorando de Entendimentos sobre Megaeventos Esportivos Mundiais, que tem o objetivo de dinamizar essa cooperação bilateral
Obama ainda demonstrou satisfação com o interesse brasileiro na implementação de um programa amplo para ensino de inglês à distância. O plano abrange desde a formação de professores a projetos que visem à formação de profissionais e outros prestadores de serviços para a Copa e as Olimpíadas.
Rio+20
Na questão do meio ambiente, EUA e Brasil concordaram com a importância de uma economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável, como um meio de gerar crescimento econômico, criar emprego decente e erradicar a pobreza. Os líderes reiteraram a importância da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá na capital fluminense no ano que vem.
Haiti
Obama e Dilma também destacaram a importância da realização do segundo turno das eleições no Haiti, que acontece amanhã. O Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Os dois países reiteraram seu compromisso com a manutenção da estabilidade, o fortalecimento das instituições democráticas e o desenvolvimento de longo prazo do Haiti. Mas também salientaram a importância do "cumprimento tempestivo" dos compromissos assumidos pela comunidade internacional no apoio à reconstrução do país, após o devastador terremoto que atingiu o Haiti no início do ano passado.
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