Senadores paranaenses querem Renan cassado
Se depender dos três senadores paranaenses, Renan Calheiros (PMDB-AL) será cassado. Nenhum deles, porém, arrisca um resultado para a votação. O trio reflete a ansiedade dos demais colegas e se posiciona contra a realização do pleito em sessão secreta.
Apenas Osmar Dias (PDT) evita declarar abertamente o voto. Já Alvaro Dias (PSDB) segue as ordens da executiva nacional do partido, que decidiu ontem fechar questão contra o presidente do Senado. "Esperamos que todos os nossos 12 senadores sigam essa definição", declarou o tucano. Leia matéria completa
Suplente de Renan se diz pronto para assumir
O advogado José Oliveira Costa (PMDB-AL), de 72 anos, primeiro suplente do senador Renan Calheiros, afirmou nesta quarta-feira (12) ao G1 que está preparado para assumir a vaga no Senado caso seja convocado. Costa disse esperar, porém, a absolvição do correligionário. Leia reportagem completa
Presidência do Senado em troca da absolvição
Os deputados paranaenses Barbosa Neto (PDT), Osmar Serraglio (PMDB), e os senadores Alvaro Dias (PSDB) e Osmar Dias (PDT) acreditam na absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Leia matéria completa
- Fechada sessão que votará cassação de Renan
- Caso Renan: Decisão do STF ameaça sessão secreta e pode adiar julgamento
- Para senadores, futuro de Renan é imprevisível como um Fla-Flu
- Senado proíbe uso de laptops na sessão que decidirá futuro de Renan
- Definidas regras para votação de processo contra Renan
Após o tumulto na porta do Senado, com troca de socos entre deputados e seguranças, começou a sessão secreta que vai decidir o futuro do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). O vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), que conduz os trabalhos, determinou às 12h09 a retirada de todos os servidores, jornalistas e parlamentares que não tinham autorização para permanecer no plenário. Só ficaram os 81 senadores, dois servidores da Casa, os advogados de Renan e do PSOL, além dos 13 deputados respaldados por uma liminar do Supremo Tribunal Federal e a ex-senadora Heloísa Helena, que vai fazer a acusação.
Os deputados que conseguiram no STF o direito de assistir à sessão seguiram em grupo até o plenário, onde começou a confusão. Raul Jungmann (PPS-PE) trocou socos com os seguranças do Senado, e Fernando Gabeira (PV-RJ) chegou a agredir Tião Viana.
- Nós temos que ir lá pra ver quais são os nossos direitos. Ontem (terça-feira), o Tião nos disse que se nós entrássemos no Supremo ele torceria para que nós tivéssemos êxito, hoje, não sei se pressionado pelo Renan ou pelo seu caráter que não é sólido, ele voltou atrás - disse Gabeira, que depois pediu desculpas pelo soco dado em Tião Viana. Segundo ele, foi sem querer.
Em reunião na manhã desta quarta-feira, a Mesa Diretora do Senado decidiu acatar a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, de permitir a presença dos deputados, mas vai recorrer ao Supremo. Caso o recurso seja aceito, os deputados serão tirados da sessão. A Mesa chegou a pensar em transferir o julgamento para a tarde, mas concluiu que seria melhor o recurso ao STF.
Tião Viana demonstrou preocupação com o sigilo da sessão, o que é previsto na Constituição em caso de votação de perda de mandato, mas admitiu até abrir a sessão, caso o ministro decidisse nesse sentido.
- Se o ministro entendeu assim, nos resta a humildade e a obediência à lei. Então, não há qualquer objeção, até que a sessão fosse pública. Se o ministro entendesse que fosse pública, nós atenderíamos com imenso prazer. Mas o que nós queremos é a obediência do processo legal - afirmou Tião Viana.
Cristovam Buarque diz que usará celular e repassará informações
O caráter sigiloso da sessão - sem imprensa e com os senadores proibidos de usar laptops - já estava ameaçado. De acordo com o Blog do Noblat, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) garantiu que usará seu celular para repassar informações.
- Ficarei com meu celular ligado. E repassarei informações para quem me ligar - disse Cristovam.
O vazamento de informações pode caracterizar quebra de decoro parlamentar, passível até de perda de mandato. O uso de celulares não foi vetado, mas a Mesa do Senado alertou que as informações e os detalhes da sessão não podem ser vazados, fotografados ou filmados.
Para evitar vazamentos, alguns cuidados foram tomados. Os microfones foram desligados e os laptops retirados do plenário. Os senadores não seriam impedidos de deixar a reunião e depois retornar, mas foram orientados a permanecer do início ao fim para evitar insinuações. Na noite de terça-feira, foi realizada uma varredura no plenário para tentar descobrir escutas ambientais, mas nada foi encontrado. Até o início da sessão, o plenário ficou trancado, vigiado por um batalhão de seguranças.
Casagrande diz que o DEM é o fiel da balança no caso Renan
Na véspera, o Senado viveu um dia de guerra de nervos, com aliados e opositores anunciando os votos necessários para a vitória. O PSDB fechou questão a favor da cassação e o DEM tentava enquadrar quem quer votar pró-Renan; PT e PMDB liberaram as bancadas.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), relator do processo contra Renan no Conselho de Ética, afirmou na manhã desta quarta-feira que a cassação do senador alagoano será decidida pela bancada de senadores do partido Democratas (ex-PFL).
- O DEM é o fiel da balança - afirmou o relator.
Casagrande explicou que, se apenas oito ou nove senadores do DEM votarem pela cassação de Renan, ele conseguirá escapar. Na avaliação do relator, para que Renan seja cassado, é necessário que pelo menos 12 dos 17 senadores do DEM votem pela aprovação do relatório.
Para a cassação, são necessários 41 votos. Mas o resultado da sessão fechada é incerto, já que o voto secreto dá margem a traições e mudanças de última hora. Na terça-feira, alguns esperavam um placar apertadíssimo, com a decisão, para um lado ou para outro, saindo com uma diferença de um a dois votos. Outros, inclusive os que defendem a cassação, demonstravam desolação, acreditando que Renan pode ser absolvido com até 46 votos.
Ciente do risco de perder não só o mandato como os direitos políticos por 11 anos, Renan resistia à sugestão de conselheiros para que surpreendesse o plenário antes da votação, anunciando seu afastamento da presidência do Senado.
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