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A advogada criminalista Iracema Vasciaveo foi levada por um avião da Polícia Militar para a reunião entre representantes das secretarias de Administração Penitenciária e de Segurança Pública com líderes de facções criminosas que dominam os presídios em São Paulo, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. A conversa ocorreu no domingo no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior. Logo após o encontro, a onda de ataques parou na cidade de São Paulo.

Os presos haviam sido levados para Bernardes, no sábado, após passarem a noite de sexta-feira no Deic, quando começaram os atentados. Todos foram colocados em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) e, pelas normas do presídio, não podiam receber visitas. Nesta terça-feira, o secretário da Administração Penitenciária (SAP), Nagashi Furukawa, confirmou o encontro, mas negou que tenha sido feito acordo com os presos. "Não cedi. Apenas decidi que ela poderia ir", disse.

Iracema é diretora jurídica da Associação dos Familiares dos Reeducandos de São Paulo (Nova Ordem), entidade que, entre outras coisas, atua como interlocutora de presos com o poder público. Além dela, participaram do encontro o corregedor da SAP, Antônio Ruiz Lopes; o comandante do policiamento da região de Presidente Prudente, coronel Ailton Araújo Brandão, e o delegado José Luiz Cavalcanti, do Denarc.

- Havia possibilidade de por fim aos ataques se a advogada transmitisse aos familiares dos presos que eles não estavam machucados e achei que deveria deixá-la ver os detentos - disse o secretário.

- Que acordo seria esse? Eles queriam banho de sol, fim do regime de observação e a presença de seus advogados e não foram atendidos - completou.

Iracema afirma ter sido procurada por familiares dos presos, que estavam preocupados com a integridade física do grupo. Os parentes teriam recebido informações de que nas duas noites anteriores os detentos teriam ficado sem cobertor e alimentação.

- Os presos apenas disseram que estavam bem e não tinham apanhado - explicou Iracema, que conversou com os detentos durante cerca de 40 minutos.

A advogada confirmou que não houve nenhum tipo de acordo e disse que a "cúpula" do governo não interveio na conversa.

- O governo quis demonstrar boa vontade - disse.

O delegado José Luiz Cavalcanti disse que o interesse da advogada era mesmo Marcola.

- Ele disse a ela, na minha presença, que apenas queria que fosse cumprida a Lei das Execuções Penais e direitos individuais dos presos. Falou também que estava bem física e psicologicamente - contou.

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