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Primeira conclusão olhando a lista dos vereadores eleitos em Curitiba: mudou muita gente, mas tudo ficou igual. Como assim? Dos 38 que estavam lá, só 20 se reelegeram. Houve quase 50% de troca. Mas olhe quem são os 18 novos e perceba que, no fim, pode ter sido uma mera substituição de nomes. E, mais importante: será que isso mina uma possível melhoria na Câmara, após os escândalos da era Derosso?

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Por exemplo: o sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba, o popular Sindimoc, continua tendo direito a uma vaga cativa. Duas eleições atrás, colocou Valdenir Dias lá. Em 2008, trocou por Denilson Pires. Os dois foram envolvidos em denúncias, perderam a eleição dentro da própria entidade e não tiveram mais chance. Agora, o grupo de oposição assumiu o Sindimoc e conseguiu eleger Rogério Campos pelo PSC de Ratinho.

A bancada do futebol também cresceu. Saiu Julião da Caveira, depois de ter até mesmo falado (ironicamente, garante) que precisava de um atestado falso para poder ir ver seu time jogar. Mas entraram dois outros nomes: Paulo Rink e Hélio Wirbiski, ambos pelo PPS.

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E a bancada dos radialistas? Na legislatura passada, descobriu-se, por meio da Gazeta do Povo e da RPCTV, que vereadores da latinha usavam o cargo para ganhar publicidade oficial, mesmo com notas falsas. Muitos envolvidos caíram. Mas não é que a bancada se renovou?

Os vereadores de bairro que perderam o posto foram substituídos por outros vereadores de bairro. O que faz pensar que podem fazer o mesmo mero papel de despachantes de luxo do prefeito (seja ele quem for), fingindo que levam asfalto e melhorias para sua região de origem, quando na verdade vereador não faz nem pode fazer nada parecido.

Afinal, quase nada mudou... Pergunta a ser feita: por que os vereadores continuam sendo eleitos por esses critérios, e não por propostas mais, digamos, políticas. Uma explicação, segundo Adriano Codato, cientista político da UFPR, vem das pesquisas norte-americanas dos anos 1950. É o voto de fundo psicológico. O sujeito escolhe seu candidato não com bases racionais, mas afetivas.

Pense bem: muita gente diz que não gosta de política. Vai votar num candidato que fala de temas políticos? Democracia? Transparência? Ideologia? Não: vai votar naquilo que lhe causa afeto. Se é devoto, vota no pastor. Se é fã de um programa, vota no apresentador. Se torce para um time, escolhe o ex-jogador. O que ele fará na Câmara? Vá saber. E pouco importa. Para esse eleitor, importa ter escolhido algo que lhe dá satisfação.

Isso, de certa forma, despolitiza a política e faz com que os vereadores não sejam fiscalizados diretamente pelo seu eleitor. Também dá liberdade para que os mesmos escândalos se repitam, eternamente. Mas nada disso significa que as denúncias recentes tenham sido tiro n´água, ao contrário do que pode parecer. O que fica é que a Câmara vai ser mais cobrada e observada como um todo. E, afinal, não importará tanto a intenção do sujeito ao chegar lá. E, sim, que haverá uma instituição que terá de se mostrar mais séria para a sociedade.

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