Edison Lobão e Cássio Cunha Lima observam o painel com os membros da CCJ do Senado| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A composição da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado chamou a atenção pelo número de parlamentares citados na Operação Lava Jato. Afinal, eles terão, entre outras atribuições, a missão de sabatinar Alexandre Moraes, indicado pelo presidente Michel Temer (PMDB) para uma vaga no Supremo Tribunal federal (STF). Moraes assumirá o papel de revisor dos processos da Lava Jato no plenário da Corte, se for aprovado pelo Senado.

CARREGANDO :)

A CCJ, no entanto, é um espelho da situação do plenário do Senado. Entre os 81 senadores com mandato, 18 são citados de alguma maneira na Lava Jato, o que corresponde a 22% do total. O plenário será responsável por votar a aprovação ou não do nome indicado para a vaga no STF. Já na CCJ, entre os 54 senadores titulares e suplentes, 11 são citados – 20% do total de parlamentares na Comissão.

Entre os sete titulares da CCJ que já foram citados na Lava Jato, seis já respondem a inquéritos no STF sobre o caso: o presidente da comissão Edison Lobão (PMDB), Aécio Neves (PSDB), Antônio Anastasia (PSDB), Benedito de Lira (PP), Lindbergh Farias (PT) e Valdir Raupp (PMDB). O senador Jader Barbalho (PMDB) foi citado na delação do empresário Felipe Parente.

Publicidade

Além de responder a inquérito no STF, o senador Aécio Neves apareceu na delação do executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho. Segundo o executivo, Aécio tinha o codinome “Mineirinho” nas planilhas de pagamentos da empresa. Não há detalhes sobre pagamentos ao senador.

Suplentes

Já entre os suplentes da CCJ, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) é a única que já responde a um processo da Lava Jato no STF. Ela é acusada pela Procuradoria Geral da República (PGR) de ter recebido R$ 1 milhão desviados da Petrobras para a campanha em 2010. Ela nega as acusações.

Outros três são alvos de inquéritos na Suprema Corte: Fernando Collor (PTC), Renan Calheiros (PMDB) e Romero Jucá (PMDB). Collor, inclusive, já foi alvo de uma fase ostensiva da Lava Jato deflagrada em Brasília em 2015, quando teve bens apreendidos pela Polícia Federal.

Calheiros e Jucá também aparecem na delação de Melo Filho. Segundo o executivo, Calheiros, cujo codinome era “Justiça”, teria recebido cerca de R$ 4 milhões da Odebrecht. Já Jucá, cujo apelido era “Caju”, teria recebido R$ 10 milhões – parte do dinheiro para ser divido com Calheiros.

Publicidade

Plenário

Além dos senadores que fazem parte da CCJ, outros sete parlamentares do plenário da Casa já foram citados na Lava Jato. O único que responde a inquérito até agora é o senador Ciro Nogueira (PP). O procedimento foi instaurado em março de 2015, quando o procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu a instauração de inquérito contra diversos políticos envolvidos no esquema.

Outros seis foram citados nas delações do executivo Claudio Melo Filho, que veio à público no final do ano passado. O presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB) aparece na delação identificado como “Índio” nas planilhas de pagamentos da empreiteira e teria recebido pelo menos R$ 2,1 milhões. Já José Agripino (DEM) aparece com os codinomes “Pino” e “Gripado” e teria recebido R$ 1 milhão.

Melo Filho ainda atribui o apelido de “Reitor” ao senador Cristovam Buarque (PPS), mas não detalha nenhum pagamento ao senador.

Antônio Imbassahy (PSDB), Kátia Abreu (PMDB) e Líndice da Mata (PSB) também aparecem nos depoimentos de Melo Filho. Imbassahy teria recebido quase R$ 300 mil para a campanha de 2014. Já Líndice é citada como beneficiária de um pagamento de R$ 200 mil nas eleições de 2010.

Em relação a Katia Abreu, Melo Filho afirma que a senadora chegou a pedir contribuições da Odebrecht, mas que os repasses não teriam sido feitos.

Publicidade