Principalmente após a entrada em cena da candidata Marina Silva (PSB) como postulante viável à Presidência da República, os temas religiosos e morais passaram a ganhar maior relevância na presente campanha. Fiel da Assembleia de Deus, Marina passou a encarnar muito mais do que o outro candidato identificado com a religião, o Pastor Everaldo, do PSC a fé e as posturas de caráter moral do cada vez mais numeroso e influente colégio eleitoral evangélico do país.
Temas como o aborto, uso de células-tronco embrionárias e o casamento homossexual, por exemplo sobre os quais Marina, aliás, passou a ter comportamento dúbio sempre foram muito caros para esse público. E a tal ponto que, na eleição de 2010, a acusação de que seria favorável ao aborto quase levou a então candidata Dilma Rousseff à derrota. Às vésperas do pleito, teve de fazer uma apressada (mas bem-sucedida) peregrinação à basílica de Nossa Senhora da Aparecida para acalmar a oposição católica e evangélica.
Cativar o eleitorado religioso, independentemente de sua confissão, prova que os candidatos são muito ecumênicos. Tanto que volta e meia são fotografados, muito contritos, em cultos e reuniões das mais diversas denominações. Na semana passada, por exemplo, os padres católicos que mais atraem fiéis da região metropolitana foram homenageados com um almoço no Palácio Iguaçu pelo casal Beto e Fernanda Richa.
Ontem pela manhã foi a vez de o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, reunir em Curitiba pastores e dirigentes de igrejas e outras instituições evangélicas para... Para reafirmar a posição antiaborto da candidata à reeleição Dilma Rousseff e seus compromissos de ajudar obras sociais (hospitais e ações de combate às drogas, por exemplo) mantidas por organizações evangélicas.
Após a reunião em Curitiba, o ministro Gilberto Carvalho mandou-se para Londrina onde, à tarde, manteve idêntico encontro com evangélicos do Norte do estado.
Olho vivo
Violência 1
O candidato à reeleição ao governo estadual, Beto Richa, mantém na propaganda eleitoral gratuita a informação de que, em sua gestão, os índices de criminalidade diminuíram no Paraná. Segundo diz, a taxa média de homicídios no estado caiu em 21% e que o resultado se deve, principalmente, às UPSs (Unidades Paraná Seguro) embora tenham sido implantadas apenas 14 destas estruturas (um contêiner, um ou dois policiais e uma viatura) em cidades e bairros mais afetados pela violência.
Violência 2
Em sabatina na Gazeta do Povo, há duas semanas, Richa disse se basear em dados estatísticos da Secretaria de Segurança que no entanto não "batem" com os do Datasus, órgão do Ministério da Saúde nacionalmente considerado referencial para mensurar os índices de homicídio. O último relatório do Datasus mostra que o índice de assassinatos cometidos no Paraná se manteve, nos dois primeiros anos da atual gestão, na faixa de 32 para cada grupo de 100 mil habitantes. É praticamente o mesmo índice que registrado desde 2008, sempre maior que o do Rio Grande do Sul (22/100 mil) e o de Santa Catarina (13/100 mil). O sucesso do combate ao crime teria ocorrido apenas no terceiro ano do mandato?
Devagar 1
A Corregedoria Nacional do Ministério Público desembarca nesta semana em Curitiba para ver a quantas andam os trabalhos do MP estadual. Representações levadas a Brasília reclamam da morosidade dos procuradores e promotores no exame dos processos que lhes chegam às mãos, em prejuízo da rapidez que se exige de decisões judiciais.
Devagar 2
Há casos que dormitam nas gavetas há mais de uma década. Um exemplo é o da abertura, somente agora, de procedimento investigatório sobre a suposta existência de funcionários fantasmas no gabinete do então deputado estadual Carlos Alberto Richa, na década de 90. O nome dele não constava da conhecida relação de 61 pessoas (vários ex e alguns dos atuais parlamentares) envolvidas no caso "gafanhotos".
Devagar 3
O Ministério Público se defende: faltam-lhe promotores em número compatível para dar conta da "imensa quantidade de feitos que tramitam" em suas unidades especializadas. Casos rumorosos, como os que envolveram a administração de Eduardo Requião no Porto de Paranaguá (durante a gestão do irmão, o ex-governador Roberto Requião, 2003-2010) ainda continuam pendentes no MP.
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