Olho vivo
Xangai 1
Beto Richa tem dia livre neste domingo em Xangai. Só embarca para os Emirados Árabes às 23 horas (hora local), aonde chega já na madrugada de segunda-feira, o que desmente os rumores de que pretendia assistir à prova de Fórmula 1 no autódromo de Abu Dhabi. Mas, com o dia inteiro de folga, por que não assistir à última etapa do Gran Prix 2012 do WTCC que, por incrível coincidência com seu programa de viagem, se realiza exatamente neste domingo no autódromo local?
Xangai 2
Com diárias que somam R$ 21.715,10 que o Erário lhe paga pelos 11 dias viagem (empenho nº 15000000-2-00446.1), o governador goza a folga após uma semana inteira em Xangai para conhecer o porto e visitar uma fábrica de lâmpadas de LED. Beto é conhecido fã do WTCC (World Touring Car Championship), prova automobilística que reúne grandes marcas internacionais. Tanto que, por ideia sua quando era prefeito, a partir de 2006 Curitiba foi incluída no circuito da categoria.
Prevenção
Quinze anos depois de apresentado pelo então senador Osmar Dias, o Congresso aprovou na semana passada um projeto que assegura prioridade no atendimento aos pacientes de câncer no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, o governo se obriga também a fornecer gratuitamente medicamentos e demais terapias recomendadas. A aprovação do projeto coincidiu com o término do Outubro Rosa iniciativa que visa a conscientizar a população para a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer. O projeto segue agora à sanção da presidente Dilma Rousseff.
O PSDB, partido do governador do estado, passou a sofrer de grave problema de raquitismo. Não disputou eleições nas maiores cidades e a ele restaram as prefeituras de apenas 76 pequenos municípios do estado. O PMDB, outro partido que já teve grande expressão no Paraná, também encolheu significativamente. Já o PT, legenda do governo federal, só obteve êxito relativo ao pendurar em Gustavo Fruet (PDT) a candidatura da vice. No mais, ficou fora também dos maiores colégios eleitorais paranaenses. Outros partidos tiveram êxitos importantes, mas foram casos isolados, o que não lhes retira a condição de serem pouco expressivos.
A análise é do senador Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado Federal e membro da executiva nacional da sigla. "Do ponto de vista partidário, o Paraná virou terra de ninguém. Aqui, o governador não consegue liderar o processo político, e o PT, apesar da força federal, continua sendo eleitoralmente muito fraco", afirma Alvaro.
O senador observa que o PT saiu derrotado nos maiores colégios eleitorais em que disputou diretamente as prefeituras neste ano, como ocorreu em Ponta Grossa, Maringá e Londrina "municípios que já tiveram prefeitos petistas", ressalta. Em Cascavel, chegou também ao segundo turno, mas terminou igualmente derrotado. Para Alvaro, afora a conquista de municípios pequenos, o Partido dos Trabalhadores só obteve relativo sucesso em Curitiba, onde emplacou a posição de vice de Gustavo Fruet.
Entretanto, nem mesmo esse fato deve ser contabilizado na conta dos êxitos petistas, pois, segundo o senador, "o PT mais atrapalhou o Gustavo do que ajudou". "Em razão da rejeição dos eleitores ao PT, com o qual teve de se aliar, Gustavo esteve à beira da derrota já no primeiro turno", diz Alvaro.
Para o senador, a vitória final de Fruet se deve exclusivamente a dois fatores: "Primeiro, ao erro político de Beto Richa, que o alijou do PSDB para lançar em seu lugar um candidato fraco, de outro partido. E, segundo, graças aos méritos pessoais do próprio Gustavo, que somam qualidades como experiência, competência e seriedade". O eleitor curitibano, raciocina Alvaro, percebeu que ele era o melhor candidato e votou nele "apesar do PT".
Na sua opinião, a eleição de Gustavo simboliza bem o fato de o eleitor se ligar muito mais à pessoa do candidato do que aos partidos. Mas lembra que há outro caso emblemático: "Londrina, a segunda cidade mais importante do Paraná, elegeu Alexandre Kireeff, do PSD, partido novo e pequeno, que lançou apenas oito candidatos a vereador e não elegeu nenhum. Este é um fato revelador da falência dos partidos".
Alvaro observa que não há mais no Paraná, como ocorre em outros estados, situações de polarização entre as maiores forças políticas. Ele explica: "O PMDB está enfraquecido, sem identidade e mais fisiológico do que nunca; o PSDB está neste processo de derretimento provocado pelo governador; e o PT sofre com a rejeição a seus mensaleiros. O resto são alianças oportunistas e fisiológicas, incapazes de conquistar o respeito popular".