Olho vivo
Amaciando 1
Ao contrário do que muitos propagam, fontes do PMDB asseguram que o senador Roberto Requião estaria propenso a levantar o veto que impôs à refiliação de Gustavo Fruet ao partido. A suposta mudança de opinião do ex-governador seria fruto da operação de dois de seus mais chegados parentes o irmão e ex-secretário da Educação Maurício Requião, e o sobrinho deputado federal João Arruda, que buscam reaproximar o ex-deputado do PMDB.
Amaciando 2
Eles fazem parte do grupo dos que não acreditam nas possibilidades eleitorais de Rafael Greca, lançado há meses como candidato preferencial de Requião à prefeitura de Curitiba. A resistência de Requião, ainda não de todo vencida, explicam as mesmas fontes, é pelo fato de seu mais recente desafeto, o ex-governador Orlando Pessuti, também lutar pela volta de Fruet ao partido. Brincando, as mesmas fontes dizem que mais difícil de convencer Requião será o trabalho de convencer Greca de que deverá abrir mão da candidatura.
Amaciando 3
Apesar das conversas que já teve com Maurício Requião, Fruet ainda considera outros fatores para definir seu destino partidário. Por enquanto, ainda se diz tucano, mas não tem encontrado no PSDB as garantias que exige de que será o candidato do partido na eleição de 2012. Mas no PMDB também não.
Quando ministro da Agricultura no governo Lula, o deputado Reinhold Stephanes provocou anos atrás ataques de erisipela entre políticos e líderes rurais brasileiros ao declarar que a Rússia tinha razão em embargar as carnes que importava do Brasil na época. Os russos alegavam as más condições sanitárias da nossa produção, que punham em risco a saúde dos seus consumidores.
Em meio à revolta tupiniquim, no entanto, desenvolviam-se negociações amistosas entre o Ministério da Agricultura e as autoridades russas para liberar o comércio da carne. Medidas sanitárias exigidas pelo importador foram adotadas e, em seguida, quase 300 fazendas de produção de suínos, bovinos e frangos, além de quase uma centena de frigoríficos, conseguiram a certificação necessária para reiniciar as exportações.
De lá para cá, porém, as condições voltaram a piorar resultado da decadência dos serviços de fiscalização veterinária no Brasil. Por isso, anteontem, a Rússia confirmou a decisão de não mais comprar carnes produzidas no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, por tempo indefinido. O Paraná é o estado mais prejudicado, tanto em número de estabelecimentos colocados sob suspeição quanto em valor das exportações nada menos de 100 milhões de dólares por ano de prejuízo.
A reação brasileira, desta feita, ao contrário do que fez o então ministro Stephanes, foi a de declarar guerra aos russos, acusando-os de realizar manobras burocráticas visando a deprimir os preços. Os tiros foram respondidos imediatamente com uma saraivada: em nota oficial, o governo russo disse sentir uma "grande lástima" pelo fato de o governo brasileiro ter "desencadeado na imprensa" uma "ampla campanha informativa, acusando a Rússia de protecionismo e falta de objetividade".
As negociações estão emperradas, apesar das afirmações brasileiras de que já teria posto em prática as recomendações do maior e mais tradicional importador das carnes brasileiras. Tudo porque faltou "manha" diplomática na condução das negociações.
Enquanto isso, na Secretaria da Agricultura...
Enquanto isso, prossegue a guerra intestina que travam os funcionários da Secretaria da Agricultura encarregados da fiscalização sanitária contra o projeto do governo do estado que pretende transformar o setor numa nova autarquia. Agrônomos e veterinários do Departamento de Fiscalização da Seab acusam o projeto de criar muitos cargos e de não garantir maior eficiência aos serviços de fiscalização exatamente estes que os russos dizem ser precários e causadores do embargo que impuseram às carnes produzidas no Paraná.
O governador Beto Richa já está ciente das críticas ao projeto de criação da nova autarquia a Adapar, Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Paraná. Um manifesto assinado pela Associação dos Fiscais da Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (Afisa) chegou às suas mãos na semana passada. O documento aponta os defeitos da proposta e pede mudanças antes de ser enviada à Assembleia Legislativa para aprovação.
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