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Tendências

Adote um Vereador

Se você não concorda com os rumos da Câmara, não morra de passividade. Esta coluna continua com a campanha silenciosa Adote um Político. Se a caixa de e-mail de vossas excelências municipais começar a ser tomada por manifestações de indignação contra o comportamento que vem sendo adotado, certamente elas não poderão ignorar a voz dos cidadãos. Os endereços eletrônicos delas você encontra em www.cmc.pr.gov.br/ver.php. E, caso queira passar a fiscalizar os vereadores com mais rigor, há uma ferramenta colaborativa interessante – www.vereadores.wikia.com/wiki/Curitiba – que pode ser usada para a publicação de conteúdo sobre as atividades dos parlamentares.

Se os cidadãos curitibanos tornarem manifesto que não concordam com o comportamento passivo dos vereadores diante dos negócios da vida pública, será difícil para eles ignorarem a população. Eles saberão que suas omissões estarão sendo observadas e que a postura que tomarem certamente será lembrada. A campanha eleitoral para vereador começa em menos de um ano. Mas a campanha para a renovação do comportamento político já começou.

A Câmara Municipal de Curitiba está prestes a se tornar um poder ir­­relevante, ao custo de aproximadamente R$ 4,6 bi­­lhões em 2011. É um gasto mui­­to alto para que a sociedade assista em silêncio à denúncias de irregularidades e atuação desregrada dos parlamentares curitibanos sem que aconteça a devida fiscalização. E é por isso também que os vereadores merecem ser "adotados".

Os motivos para que a sociedade exerça pressão são muito claros. A Câmara se recusa a desempenhar o papel fiscalizador que lhe cabe. Mesmo quando supostamente vai investigar suspeitas, pretende realizar sessões "meio secretas", o que demonstra a dificuldade em assumir uma posição republicana.

A maioria de seus membros está ocupada em perseguir fins privados em detrimento do bem público e, ao mesmo tempo, se mostra extremamente eficiente em produzir banalidades. Eis os fatos:

1) Recusa em cumprir o papel fiscalizador

Em pelo menos dois momentos os vereadores se recusaram a fiscalizar atos administrativos. O primeiro foi no Caso Consi­lux, quando decidiram não investigar denúncias sobre a possibilidade de manipular multas de trânsito registradas pela empresa que operava os radares em Curitiba. O segundo momento ocorre agora, com a resistência em investigar três suspeitas que pairam contra o atual presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB). Ele é suspeito de beneficiar a empresa da esposa em contrato de publicidade que atinge a casa dos milhões, de contratar funcionários ilegalmente e de empregar em cargo comissionado a cunhada, o que caracteriza nepotismo.

2) Falta de transparência

Derosso deve depor na comissão de ética no dia 18, mas so­­mente parte da sessão será aber­­ta à população. Por obra do presidente do conselho, o ve­­reador Francisco Garcez (PSDB), a segunda parte do de­­poimento será fechada, porque pode trazer questões "constrangedoras", que dizem respeito à vida íntima de Derosso, sua esposa e contratos de publicidade. Garcez optou pelo obscurantismo, quando devia de­­fender o interesse público.

3) Patrimonialismo

Em fins de maio, a Gazeta do Po­­vo publicou reportagem de­­monstrando que, embora se­­jam representantes dos cidadãos curitibanos, a Câmara gastou R$ 236 mil em viagens, dos quais R$ 102 mil foram pa­­ra viajar ao exterior. Foi também no fim de maio que a Ga­­zeta divulgou que 30 dos 38 ve­­readores requereram à prefeitura melhorias nas ruas em que moravam. Ou seja, se você morar na rua de um parlamentar, tem 78% de chance de ser beneficiado, com asfaltamento ou iluminação pública adequada. É o uso do cargo para fins privados.

4) Eficiência em banalidades

Os vereadores são eficientes nomeadores de ruas. Conforme levantamento desta Gazeta, na legislatura passada, entre 2005 e 2008, foram propostos 989 nomes de ruas. Até o final de abril deste ano, um terço das votações teve a mesma finalidade. Se fosse proposto um projeto de lei que acabasse com a competência dos parlamentares em nomear ruas, eles poderiam usar a energia criativa excedente em outros assuntos públicos.

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