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Rigor na transparência

Amanhã é dia de os vereadores de Curitiba prosseguirem na tarefa de diminuir o parlamento. O Conselho de Ética do Legislativo vai ouvir o presidente da Câmara em segredo, a respeito das denúncias que envolvem Derosso, sua mulher e contratos de publicidade da Câmara. A justificativa do vereador Francisco Garcez (PSDB), conforme relatou o repórter Chico Marés, na Gazeta do Povo de sábado, é que a sessão será fechada a fim de "não dar margem" para o tucano deixar questões sem respostas. "Temos que cumprir rigorosamente o regimento", afirmou Garcez. Com todo o respeito, excelências, sejam rigorosos em cumprir com a responsabilidade que lhes é atribuída pelo regime republicano. E tornem a sessão aberta, pois o assunto é de interesse público.

Quixote ou não Quixote

Seria um delírio exigir transparência pública na Câmara de Curitiba? Estaríamos a lutar contra moinhos de ventos, como Dom Quixote de La Mancha? Se a sua resposta for não, se entender que moralidade e transparência são atributos necessários para o bom funcionamento da Câmara, pratique uma invasão na caixa de e-mail dos vereadores, envie mensagens informando a eles o que pensa a respeito das denúncias que pairam sobre a direção da Casa e o que gostaria que fosse feito. Você encontra o e-mail deles em http://www.cmc.pr.gov.br/ver.php.

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Mande e-mails (rhodrigodeda@gmail.com), publique no Twitter (#ocorodamultidao) ou no Facebook (digite o Coro da Multidão na barra de busca).

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Se você não faz política, al­­guém fará por você. Essa sentença vale para a Conferência Municipal de Juventude de Curitiba, que será realizada no próximo fim de semana no Salão de Atos do Parque Barigui.

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A conferência, que começa no sábado às 8 horas, é uma etapa preparatória da Conferência Estadual, marcada para 16 de outubro, em Maringá. Os resultados das conferências estaduais serão debatidos em dezembro, em Brasília, quando ocorre a 2.ª Conferência Nacional da Ju­­ventude. Entre os objetivos, estabelecer diretrizes para uma política nacional para jovens. Apesar do caráter consultivo das conferências, que vem sendo realizadas a respeito de diversos temas desde o governo Lula, elas têm servido de norte para a elaboração de políticas públicas do governo federal.

O problema de deixar de participar de eventos como esse, é que, quando alguém faz política por você, não necessariamente seus interesses são defendidos. Ao relegarmos para outros a participação, os interesses que prevalecem acabam sendo de grupos mais bem organizados, que podem ser inclusive desvirtuados para projetos político-partidários totalmente desvinculados com nossas necessidades. É por essa razão que a participação de jovens nas conferências regionais da juventude tem importância. Sem a presença deles, os principais interessados ficarão sem serem ouvidos, a respeito de assuntos que dizem respeito a eles próprios.

Caso você se anime e vá participar das discussões na conferência de sábado – ainda que não tenha direito a voto, pois as vagas de delegados já foram preenchidas – é importante ter em mente três princípios. O primeiro é concentrar a sua atenção no objetivo da conferência, não aceitando a promoção pessoal de políticos, pois o objeto da discussão são propostas, não pessoas. O segundo é respeitar opiniões contrárias. É do embate de pensamentos que deriva o progresso. E, por fim, é importante lembrar que as propostas aprovadas em uma conferência, mesmo que decididas por maioria, não podem ir contra as liberdades civis e outros direitos fundamentais inscritos na Constituição. Esses princípios contribuem para a produção colaborativa.

As conferências são tentativas importantes de ampliar a participação política. Entretanto, sem ampla divulgação, acabam envolvendo basicamente movimentos organizados. O problema seria minimizado caso fosse adotada, de modo sistemático, plataformas de discussão via redes. A internet reduz os custos financeiros, de tempo e lugar para a realização de eventos e discussões políticas. Bem utilizado, o meio digital poderia tornar mais ampla a participação da sociedade, fazendo emergir boas ideias aos governos para a implementação de políticas públicas. Enquanto isso não acontece, o jeito é ir trabalhar com o que existe. E exigir inovação nos processos de participação.