Ministro do Trabalho coloca cargo à disposição atendendo a pedido da Casa Civil
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou nesta quarta-feira informando que o titular da pasta, Manoel Dias, colocará o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff e que essa medida "atende pedido da Casa Civil e deve ser tomada por diversos ministros". Mais cedo, o Estadão Conteúdo - agência de notícias do Grupo Estado - informou que ele colocaria o cargo à disposição na próxima terça-feira (18). Dias informou, inclusive, que manifestar intenção de continuar no comando do MTE seria uma decisão do PDT, partido aliado ao governo do qual ele é secretário-geral.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou após reunião da Executiva da legenda que o ato de Dias deixar o cargo à disposição é para "dar total liberdade" para a presidente Dilma Rousseff conduzir a reforma ministerial. Lupi disse ainda que não haverá objeção do partido se Manoel Dias manifestar desejo de continuar no comando do Ministério do Trabalho no segundo mandato de Dilma. "Do jeito que está (o ministério), nem ele vai querer ficar", considerou.
A nota divulgada pelo MTE confirma os posicionamentos que foram sendo apresentados por Dias e por Lupi ao longo dessa quarta. O texto cita que Dias "atenderá a recomendação da Casa Civil da Presidência da República e colocará seu cargo à disposição da presidenta Dilma Rousseff, a partir do próximo dia 18. Esta decisão serve para deixar a presidenta mais à vontade para promover as trocas que achar necessário em seu ministério". No texto oficial sobre a decisão, Dias afirma: "Sou um ser político e estou no cargo de ministro em virtude do apoio que meu partido, o PDT, oferece ao governo da presidenta Dilma. O cargo pertence à ela e o deixarei quando ela determinar", comentou o ministro.
A nota menciona, ainda, que Manoel Dias está confiante que o segundo mandato da presidenta será ainda melhor que o primeiro, com mais inclusão social e geração de empregos e renda. "A presidenta tem condições de fazer um segundo mandato ainda mais dinâmico, atendendo a todos os anseios da nossa população", citou o ministro, no texto divulgado pela Assessoria de Comunicação do MTE.
- TC cria barreira para divulgar salários de servidores
- Irregularidades suspendem licitação de pavimentação em Fazenda Rio Grande
- Deputados discutem soluções para encarceramento no Paraná
- Eduardo Cunha diz que candidatura à Presidência da Câmara é 'irremovível'
- Agora é Dilma quem está quebrando o país, diz FHC
No fim de dezembro desse ano acaba oficialmente o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) à frente da Presidência da República. Mas como a reeleição da petista no fim de outubro, o mês de novembro começou com boatos sobre a reforma ministerial que a presidente deve promover para o segundo mandato. Nessa semana, os ministros começaram a colocar os cargos à disposição, um movimento político para deixar claro que irão aceitar a troca promovida por Dilma. A primeira a fazer isso foi Marta Suplicy, que foi um pouco mais longe. Nessa terça-feira (11) demitiu-se e saiu criticando a política econômica do governo.
Além da ministra, até a tarde desta quarta-feira (12), mais de dez ministros já haviam entregado cartas colocando o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff para que ela possa fazer a reforma política sem constrangimentos. Os nomes que vieram a público até agora são Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação), Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), Manoel Dias (Trabalho e Emprego) Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Henrique Paim (Educação). A diferença entre eles é que Marta Suplicy já fez um almoço de despedida de sua equipe nesta quarta (12) e disse a assessores que não pretende mais despachar do seu ministério. Os outros continuam trabalhando aguardando uma decisão da presidente Dilma, que está em viagem ao exterior.
Nessa quarta, o ministro da Secretaria de Portos, César Borges, afirmou que vai colocar seu posto na Secretaria à disposição do governo. "No final do governo, é algo mais do que normal e lógico, e até mesmo uma gentileza com a presidenta, você colocar o cargo à disposição. Ela vai iniciar um novo governo. Ninguém é detentor de cargo. É uma medida salutar", disse após participar de um evento realizado pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). Mauro Borges disse que a entrega do cargo é um "procedimento natural em um governo de transição".
Na avaliação de Mercadante, o gesto é meramente "diplomático" e de "agradecimento por ter participado" do atual governo. "Estão chegando muitas (cartas) hoje, mas seguramente mais de 10, 15 ministros já apresentaram. Tem algumas que foram direto para o gabinete da presidenta. É uma formalidade, foi uma sugestão minha, da Miriam Belchior, faz quem quiser." "É um gesto de gentileza, e não tem prazo, não. O governo vai até 31 de dezembro. É uma forma de demonstrar publicamente esse espírito que foi a campanha da presidente Dilma, de uma equipe nova e um governo novo. Ela tem a total liberdade (de mudar a equipe), pode trocar o ministro que quiser na hora que achar oportuno", comentou Mercadante.
No Catar, a presidente Dilma Rousseff comentou a saída dos ministros e descartou realizar uma reforma ministerial na semana que vem assim que voltar da viagem para a cúpula do G20 na Austrália, afirmando que as trocas no ministério serão realizadas por partes. "Não estabeleci nenhum prazo, não vou fazer a reforma imediatamente, vou fazer por partes", disse Dilma em entrevista coletiva no país do Oriente Médio.
"Não tem reforma ministerial na terça-feira quando eu voltar, nem pensar. Não dá nem tempo", acrescentou Dilma, negando especulações que teriam partido do Palácio do Planalto dando conta que a presidente teria estabelecido prazo até terça para os ministros entregarem cartas colocando seus cargos à disposição. "O Palácio, companheiro, não fala. Até onde eu sei, o Palácio é integrado por paredes mudas. Só fala sobre reforma ministerial essa modesta que vos fala aqui", acrescentou.
Dilma disse na semana passada que só escolheria o nome do novo ministro da Fazenda depois da reunião de cúpula do G20, que ocorre de 15 a 16 de novembro. A declaração foi vista como uma indicação de que Dilma poderia anunciar trocas no ministério logo após voltar da Austrália.
A presidente anunciou durante a campanha que o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, não participará do novo governo. No Catar, Dilma afirmou ainda que não foi surpreendida pela carta de demissão entregue na terça-feira pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, e acrescentou que foi informada pessoalmente por ela sobre o teor da carta antes de viajar para o exterior. Em sua carta formalizando a demissão, Marta disse esperar que Dilma escolha uma equipe econômica independente. "É a opinião dela, acho que ela externou a opinião dela", disse Dilma.
Economia
Após a visita ao Catar, Dilma ainda fará uma escala em Cingapura antes de finalmente chegar à Austrália para a cúpula do G20. Segundo a presidente, a questão da geração de empregos será um dos temas dominantes do encontro entre as 20 maiores economias do mundo. "O G20 é sobre o fato de que o mundo ainda está numa situação bastante difícil, enfrentando vários problemas, principalmente desemprego, altíssimas taxas de desemprego, perda grande de renda e, em vários países, até tendências deflacionárias", disse. "O foco muito forte vai ser sobre emprego".
Questionada na entrevista sobre a informação divulgada pelo jornal norte-americano Financial Times de que a Petrobras estaria sendo investigada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pela Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, por conta de denúncias de corrupção na estatal, Dilma disse que considera as ações normais.
"Isso faz parte das regras do jogo. Empresas cotadas na bolsa de Nova York têm de prestar contas segundo as regras da bolsa de Nova York, que não são muito diferentes das brasileiras. Além disso, os EUA têm de investigar se tem cidadãos americanos envolvidos em alguma irregularidade", afirmou.
Ministro de Portos diz que colocará cargo à disposição
O ministro da Secretaria de Portos, César Borges, disse que vai colocar seu posto na Secretaria à disposição do governo. "Eu estou colocando o meu cargo à disposição e meu pedido de demissão", comentou Borges, acrescentando que ainda não comunicou o governo formalmente sobre sua decisão. De acordo com o ministro, sua decisão já estava tomada antes de o chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante, pedir a todos os ministros que entreguem suas cartas de demissão até o próximo dia 18. Ele evitou vincular a decisão de colocar o cargo à disposição ao pedido de Mercadante.
Há quatro meses no cargo, Borges ocupava antes o Ministério dos Transportes. Ele não confirma a sua intenção de permanecer no governo. "Não comento especulações. Essa é uma decisão que cabe à presidenta Dilma", disse.
Desde que deixou a Pasta dos Transportes, Borges está sem partido, tendo abandonado a legenda do PR. "Eu pedi para sair do partido, não me senti mais à vontade", comentou. Perguntado sobre seu futuro político, disse que ainda não tem nenhuma posição. "Não estou em tratativa nenhuma. Quero cumprir minha tarefa no Executivo e depois vou definir a minha posição política."
O ministro também afastou a possibilidade de a Secretaria de Portos vir a se tornar um órgão do Ministério dos Transportes. Ao citar declarações recentes dadas pela presidente, Borges disse que as tarefas da Secretaria "não foram concluídas ainda" e que faltam medidas a serem tomadas para que o setor avance. No entanto, disse o ministro, nada está decidido. "Numa reforma ministerial, num início de governo, tudo isso é possível", declarou.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro