O Coordenador da Receita Estadual do Paraná (CRE), José Aparecido Valêncio da Silva, informou, por meio de uma nota assinada por seus advogados, que pediu exoneração da função nesta quarta-feira (20) para demonstrar isenção sob as investigações da Operação Publicano, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) de Londrina. Silva estava no cargo desde julho do ano passado. Ele é auditor fiscal concursado, mas, conforme a nota, pediu férias desta função.
Ainda na nota, a defesa de Valêncio diz que desconhece o conteúdo da investigação criminal, “o que o impede, no presente momento, de receber individual e pontualmente as menções indevidas ao seu nome”, citando o acordo de delação premiada fechado entre o MP e o auditor Luiz Antonio de Souza, que foi inspetor de fiscalização na Delegacia da Receita Estadual de Londrina e está entre os presos da Operação Publicano.
Os advogados de Valêncio escrevem que ele repudia “qualquer alegação de participação sua em fatos ilícitos relacionados à sua conduta junto à CRE”, e ressaltam que, para demonstrar ausência de possibilidade de cometer ingerências ou estorvos na investigação, ele decidiu deixar o cargo de chefia. A nota diz ainda que a defesa do ex-coordenador vai tentar responsabilizar judicialmente qualquer tentativa de vinculação do seu nome ao caso.
A reportagem tentou contato com a Coordenação da Receita Estadual do Paraná, mas ninguém atendeu às ligações.
Delação premiada
Até agora, 62 pessoas foram denunciadas à Justiça pelo esquema de recolhimento de propina investigado pela Operação Publicano. O auditor Luiz Antônio de Souza firmou acordo de delação premiada e está colaborando com as investigações do Gaeco.
Segundo o advogado dele, Eduardo Duarte Ferreira, Souza citou nos depoimentos que 10% da propina era trazida para Curitiba de carro ou de avião. O dinheiro era carregado em malas ou mesmo amarrado ao corpo do “transportador”. O próprio auditor admitiu ter transportado o “pagamento” para Curitiba. Os destinatários seriam superiores hierárquicos dos auditores.
Souza teria dito ainda ao Ministério Público que a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB) recebeu R$ 2 milhões de dinheiro obtido ilicitamente. Segundo o auditor, os recursos eram de desvios ordenados pelo então inspetor-geral de fiscalização da Receita, Márcio Albuquerque de Lima.
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