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Líder da oposição, petista Tadeu Veneri articula a retomada da CPI. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Líder da oposição, petista Tadeu Veneri articula a retomada da CPI.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades na Receita Estadual pode ganhar força com a acusação de que parte do dinheiro desviado teria abastecido a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Lideranças da oposição devem voltar a coletar assinaturas para iniciar o processo – é necessário o apoio de pelo menos 18 parlamentares. Paralelamente, o deputado Requião Filho (PMDB) anunciou que vai ingressar com uma ação contra o governador na Justiça Eleitoral.

“Se fosse campanha orquestrada, Richa seria envolvido”, diz advogado de delator

Advogado do auditor Luiz Antônio de Souza, Eduardo Ferreira reafirmou que as acusações de seu cliente são verdadeiras. “Se fosse uma campanha orquestrada, meu cliente poderia ter dito que se encontrou pessoalmente com o governador, por exemplo”, afirma. Durante a delação, Souza negou ter tido contato com Beto Richa ou que ele soubesse de algum envolvimento direto do governador no esquema. O auditor declarou, em delação premiada, que o esquema de corrupção em Londrina teria pago R$ 2 milhões para a campanha de reeleição do governador. Ferreira disse ainda que respeita profundamente o governador, mas que as acusações feitas por Richa a seu cliente em relação a abuso de menores “não são novidade nenhuma”. Além de integrante do suposto esquema de sonegação de impostos na Receita Estadual, Souza confessou participação em esquema de exploração sexual de menores. (CM)

A oposição já havia tentado emplacar uma CPI sobre a Receita Estadual, no fim de março, mas esbarrou na maioria governista da Casa. Na época, os deputados aliados ao governo apresentaram cinco propostas simultâneas de instalação de comissões – o que inviabilizaria a criação de uma nova CPI. Entretanto, apenas duas foram, de fato, instaladas. Com esses fatos novos, o pedido deve voltar a ganhar força no plenário.

“O ideal é, com essas declarações dadas por uma pessoa diretamente envolvida, que a gente busque ter mais assinaturas [para a instalação da CPI]”, afirma o líder da oposição Tadeu Veneri (PT). Até março, os deputados contavam com apenas oito assinaturas.

Líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB) considera que a CPI é um instrumento que dá poucos resultados e se diz contra a instalação. Entretanto, ele pondera que a retomada do debate é inevitável, e que não pode proibir os deputados da base de assinarem o pedido. “Pessoalmente, não sou favorável, mas é um debate que está posto. Não vou pedir para deputados não assinarem, cada um tem seu livre arbítrio”, afirma, dizendo, ainda, que não se trata de uma questão de governo, e sim de um debate interno da Assembleia.

Paralelamente, Requião Filho deve apresentar uma ação na Justiça Eleitoral contra o governador. “Estamos fazendo uma ação porque as contas podem ser impugnadas [pela existência de um caixa dois]. Ainda estamos montando a ação e na segunda-feira [18] vamos apresentá-la com mais detalhes”, diz.

Campanha orquestrada

O auditor Luiz Antônio de Souza, preso por participar de suposto esquema de sonegação de impostos na Receita Estadual e por exploração sexual de adolescentes, disse, em delação premiada, que R$ 2 milhões pagos em propina por empresas sonegadoras foram usados na campanha de Richa, em 2014. O governador classificou as acusações como uma “campanha orquestrada” para atingir seu governo.

Veneri criticou a postura do tucano. “Em uma situação como essa, novamente o governador tenta empurrar sua responsabilidade para terceiros, assim como no dia 29 de abril. Parece que ele não se deu conta que vive uma situação complicada que não foi criada por terceiros, e sim por ele mesmo”, afirma.

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