Candidato à presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), partiu para o ataque nesta quinta-feira (22) contra o líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), classificando-o de "fraco, desagregador e radical".
As críticas do peemedebista foram uma resposta às declarações de Fontana afirmando que ele foi "infeliz" ao colocar na disputa a informação de que teria sido avisado por um suposto policial que integrantes da cúpula da Polícia Federal, a mando do governo, teriam forjado uma suposta gravação para incriminá-lo e desgastar sua candidatura.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. Fontana é um dos articuladores da campanha de Arlindo Chinaglia (PT-RS), um dos adversários do peemedebista.
"Fontana sempre foi um líder fraco, desagregador, radical em suas posições e que levou o governo a várias derrotas pelas suas posições. A bancada do PMDB na Câmara não reconhecerá mais a sua liderança e não se submeterá mais a ela", afirmou o deputado pelo Twitter.
"O que é inaceitável é a sua interferência como líder do governo na eleição da Câmara. Ele se comporta como líder do PT no governo e não como líder de um governo que tem vários partidos na sua base", completou.
Em entrevista coletiva, Fontana criticou a ameaça de Cunha de que, ao tomar lado na disputa na Câmara, o Planalto terá que administrar seus efeitos. "Foi uma frase infeliz. Ameaçar com sequelas não é nada democrático", disse.
Gravação
O petista afirmou que era inaceitável Cunha acusar a PF ou o governo pelo suposta gravação e classificou de "natural" ministros pedirem votos para os candidatos de seus partidos na corrida pelo comando da Câmara.
A PF abriu um inquérito. Horas depois, o delegado do caso foi à Câmara e se apresentou ao parlamentar. A fala irritou o Planalto e provocou críticas de entidades ligadas à polícia.
Diante das reações, Cunha ligou nesta quarta-feira (21) para o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para dizer que não tomou como verdade a denúncia, que só defendeu apuração dos fatos.
Ele disse que agiu para tentar evitar que a gravação fosse divulgada e trouxesse desgaste para sua campanha.
Na gravação que motivou o embate -um diálogo entre dois homens- o nome de Cunha é citado. Um, que supostamente seria agente da PF, ameaça contar tudo o que sabe caso Cunha o abandone. O outro, que seria ligado a Cunha, tenta tranquilizá-lo.Para o deputado, a ideia do diálogo seria mostrar que um deles seria o policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, investigado na Operação Lava Jato, sobre o esquema de desvios da Petrobras.
Análises preliminares da PF indicam que nenhuma das vozes do áudio é de Careca. No Paraná, núcleo da Lava Jato, a gravação vem sendo tratado com desconfiança e, segundo investigadores, chegou a provocar risadas.
A autenticidade da gravação só será confirmada após a conclusão dos trabalhos dos peritos da PF. Em média, o parecer final leva 30 dias para ficar pronto.
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