Irregularidade
Diretor de obras contra a seca é demitido
Agência Estado
Foram publicados ontem, no Diário Oficial da União, os decretos de exoneração do diretor-administrativo do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Albert Brasil Gradvohl, e a nomeação de Victor de Souza Leão para o cargo. O Dnocs é vinculaado ao Ministério da Integração Nacional, recentemente envolvido em uma série de suspeitas de direcionamento de recursos.
A demissão de Gradvohl foi a saída encontrada pela presidente Dilma Rousseff para não ter que demitir o diretor-geral do órgão, afilhado político do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, apesar das irregularidades constatadas pela Controladoria-Geral da União (desvio de recursos, dispensa de licitação e superfaturamento nas obras da barragem de Tabuleiro de Russas, no Ceará).
A bancada cearense do PMDB não se conforma com a degola de Gradvohl como único responsável pelas irregularidades. O novo titular da diretoria administrativa do Dnocs é funcionário da CGU.
Fortíssimo candidato a deixar a Esplanada, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), ontem viu suas chances de permanecer no governo serem praticamente enterradas. O jornal Folha de S.Paulo revelou que membros do PP faziam reuniões reservadas com um empresário e um lobista para discutir o projeto de informatização do Ministério das Cidades num indício de tráfico de influência e direcionamento de licitação.
Interlocutores do Palácio do Planalto classificaram o episódio "terrível" para o ministro, uma espécie de "extrema-unção" de Negromonte, já que sua situação era considerada delicada antes disso até por colegas de partido. A oposição, por meio do PPS, também se manifestou e pediu abertura de investigação à Procuradoria-Geral da República. Diante da situação, a demissão de Negromonte dependeria agora apenas da negociação para decidir o nome de seu substituto.
A denúncia
Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, o ministro e dois assessores participaram de conversas com o dono de uma empresa de informática para discutir projeto antes que o processo de licitação fosse aberto.
Houve pelo menos três reuniões, entre maio e julho de 2011, na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC), ex-líder do PP na Câmara, com o dono da empresa Poliedro Informática, Luiz Carlos Garcia, interessado no negócio.
Negromonte admite que participou de um dos encontros. Nos dias 27 de julho e 5 de agosto, o Ministério das Cidades abriu dois processos internos para contratação de serviços ligados à informatização da pasta.
Todos os envolvidos nas reuniões negam qualquer irregularidade. Aliados de Negromonte atribuíram o vazamento do episódio a integrantes do par tido que estariam interessados na queda dele. "Sabemos que alguns políticos do PP não gostam do Mário e vazam boatos. Isso é claramente fogo amigo", disse Nelson Meurer (PP-PR).
O grupo ainda atribuiu as acusações a uma ala próxima ao ex-ministro Márcio Fortes, atual presidente Autoridade Pública Olímpica. A presidente Dilma Rousseff já teria sinalizado que gostaria de trocar Negromonte por Fortes, o que tem desagradado parte do partido.
Ontem, mais um nome passou a fazer parte das apostas internas: a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM). Antes dela, o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), e os deputados Márcio Reinaldo (PP-MG) e Beto Mansur (PP-SP) já apareceram como possíveis substitutos de Negromonte.
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