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Roberto Gurgel, procurador-geral da República, deverá ser convocado pela CPI do Cachoeira. | José Cruz/ABr
Roberto Gurgel, procurador-geral da República, deverá ser convocado pela CPI do Cachoeira.| Foto: José Cruz/ABr

Integrantes da CPI do Cachoeira que participam da sessão secreta que desde a tarde desta terça-feira (8) ouve o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Sousa, colocaram dúvidas quanto à atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Os parlamentares da comissão disseram que o delegado enviou em setembro de 2009 um pedido para que Gurgel investigasse o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e outros deputados por suspeita de envolvimento com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O depoimento de Marques Sousa ainda ocorria até o início da noite na sala da CPI.

Segundo o delegado, as investigações da Operação Vegas, que apurou o esquema do contraventor entre 2008 e 2009, foi paralisada no momento em que se depararam com parlamentares. Eles detém foro privilegiado e, portanto, só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Só que, na ocasião, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio, mulher de Gurgel, informou não ter encontrado indícios de envolvimento dos parlamentares para justificar que se levasse adiante as investigações. Com atuação destacada na área criminal Cláudia foi designada por Gurgel para avaliar os elementos da investigação Vegas.

"Ficou ruim para o Gurgel", admitiu um deputado de oposição, integrante da CPI, que até o momento dava suporte para que o procurador-geral não fosse convocado a depor. "As minhas convicções só foram reforçadas", afirmou outro deputado, da base aliada, referindo-se ao fato de que o procurador-geral teria sido condescendente com Demóstenes Torres.

A avaliação preliminar é de que, com o depoimento, voltará a ganhar força a disposição de se ouvir na CPI o procurador-geral. Gurgel só abriu investigação contra Demóstenes e três deputados federais envolvidos com Cachoeira, Sandes Junior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Stephan Nercessian (PPS-RJ), quando o envolvimento dos quatro se tornou público a partir de escutas telefônicas divulgadas pela imprensa.

Ou seja, as explicações do Ministério Público para retardar as investigações contra os parlamentares são consideradas insuficientes pelos integrantes da comissão. Com isso, não apenas os aliados devem apoiar a ida de Gurgel à CPI.

Imprensa

Durante as escutas telefônicas da Operação Vegas, o delegado da Polícia também afirmou, em sessão secreta, que dois jornais de Goiás receberam dinheiro do esquema de Cachoeira. Os recursos, segundo Marques Sousa, teriam servido para que notícias de interesse do grupo fossem divulgadas pelas publicações.

O delegado disse ainda que um repórter do Fantástico, programa da Rede Globo, recebeu uma fita de vídeo do grupo de Cachoeira. Mas o delegado disse que, nesse caso, não viu qualquer "ilegalidade" por parte do jornalista.

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