O vereador João Claudio Derosso pediu, em carta manuscrita, o desligamento do PSDB na noite desta segunda-feira (7). A decisão foi anunciada antes da reunião entre membros do diretório do partido para discutir o pedido de expulsão do parlamentar, após uma série de denúncias envolvendo o ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) em irregularidades nos contratos de publicidade da Casa. Procurado, Derosso não quis comentar o caso.
A carta foi entregue por um funcionário do vereador e apresentada a todos pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e do diretório estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni. Pela manhã, o ex-presidente da Câmara havia dito que não deixaria o PSDB e que seria o candidato a vereador mais votado de Curitiba nas eleições municipais deste ano.
Mesmo sem legenda, Derosso segue no cargo de vereador até o final desta legislatura, em 31 de dezembro de 2012. No entanto, o vereador pode perder a cadeira na Câmara caso ela seja requerida na Justiça Eleitoral pelo partido ou por seu suplente, Edson do Parolin. Já para as próximas eleições, em outubro, Derosso não poderá se candidatar, já que a legislação eleitoral determina que políticos que pretendem se candidatar precisam estar filiados a um partido há pelo menos um ano antes do pleito.
Repercussão
Após o anúncio da desfiliação, Rossoni, que já havia comentado sua decisão pela expulsão de Derosso da legenda, disse que o partido está no caminho certo. "O PSDB tem grandes exemplos de como administrar a coisa pública, diferente de outros partidos em que caem ministros", disse o deputado. Segundo ele, entre os grandes exemplos estão a Alep e o governo estadual.
O vice-presidente municipal do partido e deputado federal, Fernando Francischini, afirmou que não ficava satisfeito de ver alguém ser excluído do partido, mas que não era possível o PSDB ter uma "postura de combate à corrupção em Brasília e ter essa situação no Paraná". Segundo ele, havia uma necessidade de mostrar que o "partido não compactua com a corrupção".
O atual presidente da Câmara, João Luiz Cordeiro, conhecido por todos como João do Suco, disse que o peso da saída do vereador do partido nos trabalhos do legislativo municipal é uma avaliação que ainda precisa ser feita. O vereador, porém, deu a entender que o "tempo" de Derosso na Câmara já passou.
Já o presidente da comissão provisória do diretório municipal de Curitiba do PSDB, Fernando Ghignone, afirmou que Derosso já havia de manifestado pela desfiliação anteriormente. "Foi a decisão que ele encontrou porque, caso contrário, seria expulso". Segundo Ghignone, para as eleições deste ano o partido deve aprensentar "candidatos interessantes, principalmente jovens lideranças".
Antes do início da reunião, deputado estadual Ademar Traiano, líder do governo na Alep, também havia se declarado favorável à expulsão. "Chegou o momento derradeiro e o partido precisa tomar uma posição, porque a imagem do PSDB e dos governantes está sendo afetada por essa situação", afirmou. Segundo Traiano, a legenda deu um tempo para que Derosso apresentasse sua defesa e provas de que não houve irregularidades na Câmara, mas até agora nada teria sido apresentado pelo vereador.
Beto Richa comentou o caso Durante a inauguração oficial da Unidade Paraná Seguro, no bairro Parolin, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira (7), o governador Beto Richa comentou as denúncias envolvendo Derosso. "O partido entendeu por bem se reunir para tomar uma medida em relação àqueles filiados que estão envolvidos nessas denúncias. Eu acho que faz parte de um partido que pratica a democracia, e de um partido que quer estar fortalecido nas eleições deste ano", disse o governador.
Richa adiantou também que não iria na reunião do PSDB na noite desta segunda-feira. Segundo o governador, ele já está há algum tempo licenciado da presidência do partido para não atrapalhar o PSDB, já que está "concentrando as energias e o tempo para governar o Paraná".
Acusações
Derosso é acusado de ter direcionado uma licitação de publicidade da Câmara Municipal, em 2006, para a contratação da empresa Oficina da Notícia, que é de propriedade da jornalista Cláudia Queiroz mulher de Derosso.
Diante do desgaste, dos indícios de irregularidade e do pedido do MP de afastamento, Derosso se licenciou da presidência por 90 dias no ano passado. Em fevereiro deste ano ele acabou por pedir a renúncia da presidência.
O ex-presidente da Câmara também é suspeito de ter contratado cinco funcionários fantasmas na Casa.
Por esse motivo, o Ministério Público do Paraná requereu judicialmente o bloqueio de bens de Derosso e outros suspeitos. O órgão quer garantir a devolução de R$ 3,6 milhões aos cofres do Legislativo municipal e eventual pagamento de multa.
Outra acusação é de nepotismo. Noêmia Queiroz Gonçalves dos Santos (sogra de Derosso) e Renata Queiroz Gonçalves dos Santos (cunhada do vereador) foram contratadas pela Câmara Municipal no período em que Derosso era o presidente da Casa o que configura nepotismo, de acordo com o Ministério Público.
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