Manifestantes ligados à CUT e à Federação Democrática das Associações de Moradores, Clubes de Mães, Entidades Beneficentes e Sociais de Curitiba (Femotiba) foram proibidos de entrar na antessala do plenário da Câmara de Curitiba, da qual poderiam assistir ao depoimento de João Cláudio Derosso. A alegação da direção do Legislativo municipal foi de que o prédio não comportava mais do que 150 pessoas. A sessão foi vigiada, novamente, pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal. Sem poder entrar, os manifestantes deixaram a Câmara depois de cerca de uma hora de sessão| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Depoimento de Derosso divide os vereadores

Para parte dos governistas, as explicações dadas foram, em geral, satisfatórias. Já a oposição, junto com outra parte da situação, achou que Derosso não respondeu adequadamente aos questionamentos feitos pelos parlamentares.

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Embora a Câmara pareça ter finalmente situação e oposição, e não apenas um bloco monolítico de apoio incondicional ao presidente, as perguntas foram amenas. Faltou alguém que tomasse a frente e fizesse questões mais incisivas ao investigado.

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Para sociólogos e cientistas políticos, o depoimento de ontem do presidente da Câmara de Ve­­­readores de Curitiba, João Cláu­­dio Derosso (PSDB), teria evidenciado uma tentativa de desvincular as denúncias contra ele ao atribuir a fatores externos a cobrança por esclarecimentos sobre os contatos de publicidade da Casa. Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, a sessão para ouvir Derosso mostrou sinais de divisão entre os vereadores aliados do presidente do Legislativo, mas não o suficiente para levar a uma punição ao presidente por eventuais irregularidades.

"A rede de proteção dele está se fragilizando. Porém é difícil ter algum resultado prático [no Conselho de Ética]. É muito re­­­­mota [uma condenação]", afirmou o sociólogo e professor Lindomar Boneti, da Pontifícia Uni­­­ver­­­sidade Católica do Paraná (PUCPR). Para ele, enquanto Derosso mantiver o cargo de presidente, conseguirá conter uma possível insurreição de colegas contra ele.

O professor de Sociologia Marco Rossi, da Universidade do Norte do Paraná (Unopar), criticou a estratégia de Derosso de só aceitar responder a algumas perguntas em uma sessão fechada do Conselho de Ética, alegando foro íntimo. "É típico do sujeito que perdeu o argumento racional."

A coordenadora do mestrado em Comunicação da Univer­­sidade Federal do Paraná (UFPR), Luciana Panke, especialista em discurso político, afirmou acreditar que a estratégia do presidente do Legislativo de atacar a imprensa, atribuir as denúncias a interesses políticos e citar até "forças ocultas" mostra uma tentativa de desvirtuar o foco das cobranças. "Ele agrega nos personagens para desfocar um pouco dele, despersonalizar a acusação."

Para Luiz Domingos Costa, professor de Ciência Política do grupo Uninter, o caso de Derosso explicita que a classe política "tem uma noção errada do que é a coisa pública. Na maioria das vezes, eles não acham que cometeram irregularidades e passam a ‘borrar’ a fronteira entre o público e o privado".

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