Combater a violência é o grande desafio
Logo, logo a bomba vai estourar. Vamos diminuir a violência aqui fora combatendo as drogas dentro dos presídios!" É assim que Silmara Maceno, 38 anos, anuncia o plano ainda misterioso. Há cinco meses, tudo mudou na vida dessa técnica em laboratório, que trabalha como servente geral em um restaurante.
Interatividade
Internautas escrevem sobre as demandas de cada região. Veja o que dizem moradores da região metropolitana de Curitiba:
"Precisamos de mais segurança e policiamento 24 horas. Faltam médicos, medicamentos e ambulâncias nos postos de saúde, além de leitos em todas as especialidades. Faltam escolas em condições, vias públicas em condições mínimas de trafegabilidade e transporte público de qualidade."
Jorge
"Curitiba precisa com urgência de outro sistema de transporte coletivo. Os biarticulados transitam abarrotados de passageiros e há congestionamento de ônibus nas canaletas."
José Juarez Bomfim
"Moro em São José dos Pinhais há quase 20 anos e hoje me preocupo com a segurança da minha família. Há muito o que mudar em termos de saúde e educacação, mas principalmente em segurança. Cada vez mais adolescentes estão nas ruas sem ter o que fazer, usando drogas. O pior são os traficantes, que cada vez mais destroem esses meninos e meninas e ninguém nada faz."
Suzana
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Na semana passada, Campo Largo foi informada que receberá investimentos de US$ 90 milhões da Caterpillar, líder mundial em máquinas para construção e mineração. A empresa vai fabricar na cidade retroescavadeiras e carregadeiras a partir de 2011 e deverá empregar 900 pessoas. Um pouco mais ao Norte, os comerciantes de Itaperuçu sonham em ter uma agência bancária, porque hoje precisam ir a Rio Branco do Sul ou Almirante Tamandaré para pagar uma conta ou fazer um depósito. A região metropolitana de Curitiba convive com os contrastes a capital, por exemplo, tem a maior renda per capita do Paraná, com R$ 619,82, e convive com o oposto, a menor renda per capita do estado, de R$ 86, em Doutor Ulysses, segundo o Censo 2000.
Essas diferenças entre cidades próximas e às vezes vizinhas é reflexo da falta de planejamento integrado da região. Curitiba concentra os investimentos, a riqueza, as oportunidades e os confortos de uma grande cidade. Há alguns anos tem repartido um pouco dessa opulência com as cidades coladas, já em conurbação (quando já não existe uma divisão clara entre uma cidade e outra), como São José dos Pinhais, Araucária e Fazenda Rio Grande. Mas também tem exportado para os vizinhos os problemas que enfrenta, como a gestão do lixo e a violência.
Por isso, o futuro de Curitiba e dos municípios do entorno está em conseguir planejar em conjunto as áreas que serão ou não ocupadas e qual a forma dessa ocupação. Só assim o poder público terá condições de evitar o crescimento exagerado de uma parte apenas da região metropolitana. Se isso não for feito, os atuais problemas vão persistir: continuará a existir superlotação e demora das linhas de ônibus, problemas no atendimento de saúde e a ocupação irregular de terrenos, principalmente em áreas de manancial.
Um dos riscos é a possibilidade de faltar água. "O principal conflito se dá entre a expansão urbana e a preservação dos recursos hidrícos. Nos mananciais de abastecimento da região metropolitana de Curitiba registram-se rios do sistema do Iguaçu e Iraí com águas bastante comprometidas", informa um estudo regional do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Curitiba e os municípios do entorno concentram quase 30% de toda a população do Paraná, cerca de 3,1 milhões de pessoas. A região metropolitana será a que mais vai crescer nos próximos anos em todo o estado, 17,5% até 2020, com 3,7 milhões de pessoas. Dar condições dignas de moradia, transporte, saúde e educação é o desafio para uma região cheia de contrastes. "Uma maior participação dos poderes municipais e da sociedade civil organizada no processo de definição dos investimentos públicos dará maior noção de quais áreas que não podem ser ocupadas e, juntamente, com políticas sociais e com o crescimento organizado permitirão o desenvolvimento sustentável." Essa é a receita proposta pelo coordenador da região metropolitana no governo do Paraná, Alcedino Bittencourt Pereira. O problema é fazer isso na prática.
Boom imobiliário
O crescimento da região metropolitana pode ser medido pelo volume de empréstimos imobiliários da Caixa Econômica Federal (CEF), responsável por 80% do mercado. O banco calcula que nesse ano os financiamentos chegarão a R$ 1,9 bilhão, pouco abaixo do valor emprestado durante todo o ano passado: R$ 2,1 bilhões.
E há espaço para um crescimento ainda maior. Basta ver a projeção de aumento de população e a confiança dos empresários do setor da construção civil. O curitibano Ademir Alves, 47 anos, é um deles. Há cinco anos ele tem uma empresa em Colombo e vende casas pré-fabricadas de madeira para famílias das classes C, D e E. Já ergueu cerca de 380 residências. Hoje, tem 36 casas em obras, dando emprego para 40 carpinteiros, e 18 já vendidas. A média de preço é de R$ 20 mil, que podem ser pagos em 60 vezes através de um financiamento da CEF. Ele estima que em cinco anos venderá 120 casas por mês. Atualmente são 30. "O município tem um potencial de crescimento enorme. Se confirmar a projeção, devo precisar de até 80 carpinteiros", diz Ademir.
O problema dessa expansão é que as estruturas urbanas não acompanham. A maioria das casas vendidas pelo empresário está em um loteamento novo em Colombo, próximo ao terminal de ônibus do Guaraituba. Algumas ruas ainda não têm luz e não há linhas de ônibus no novo bairro. A vantagem é o terreno barato. O caso não é único e se repete em outras cidades da região metropolitana. "As famílias não conseguem se inserir no mercado formal de habitação e tendem a se afastar da capital e ocupar as áreas de preservação de manancial, que são desprovidas de infraestrutura urbana e têm dificuldades de se inserir no transporte coletivo", comenta Bittencourt.
Integração
Em relação à região metropolitana, o próximo governo do Paraná terá como principal desafio liderar um processo de planejamento integrado, evitando que cada município administre apenas a sua área. A concentração de investimentos em Curitiba atrapalha o desenvolvimento das cidades do entorno. Repartir o conhecimento e a oferta de ensino especializado ajudaria a descentralizar. "Precisamos discutir melhorias no transporte público e sua integração. Outro desafio é a melhoria da infraestrutura dos municípios, principalmente da malha viária", diz o prefeito de Campo Largo, Edson Basso, presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Assomec).
O principal desafio é garantir a mobilidade, segundo o ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e professor de Arquitetura e Urbanismo Luiz Henrique Fragomeni. "O transporte de massa deveria privilegiar o sistema perimetral de cidades. As pessoas estão morando e trabalhando neste anel metropolitano, formado pelos municípios de Campo Largo, Araucária, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais e, em menor medida, Pinhais e Colombo".
Fragomeni defende, por exemplo, um projeto de metrô ou trem para a região metropolitana, integrando-se ao transporte público da capital. "Isso [o trem metropolitano] comandaria o desenvolvimento dessas cidades e desafogaria Curitiba. Precisamos fazer isso logo, porque ainda existe terra barata na região metropolitana", afirma. "Precisamos de uma companhia metropolitana de transporte, para que não se fale só de um metrô só de Curitiba."
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