O anúncio feito pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, de realizar a escolha dos novos dirigentes antes do primeiro turno das eleições gerais, causou reações contrárias de setores da legenda e pode levar a um racha na reta final da campanha presidencial, encabeçada pela candidata Marina Silva.
No próximo dia 29, integrantes da cúpula do partido devem se reunir em São Paulo para escolher o novo presidente e membros da Executiva Nacional que comandarão o PSB nos próximos três anos. A convocação, publicada no Diário Oficial da União ontem, é contestada por dirigentes da legenda em Pernambuco, berço eleitoral do ex-presidente do PSB e candidato à Presidência Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no dia 13 de agosto.
"Agora está todo mundo agarrado na eleição, como a gente vai fazer uma escolha da uma nova Executiva não aguardando a abertura das urnas para poder saber qual é cara do partido? Para saber como o partido ficará com a sua representação no Congresso e nos Estados?", questionou o vice-presidente nacional do PSB e ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho. Ele afirmou ter sido comunicado da data para a escolha da nova Executiva ontem.
"Não participamos da construção dessa data. Ela foi definida com doutor Roberto, que deve ter ouvido outros companheiros, mas não me ouviu, sou vice-presidente e não sabia", ressaltou o dirigente. "Tudo recomenda que a escolha dos dirigentes partidários seja feita após a manifestação das urnas. Esse é o meu pensamento, mas vou me reunir com os companheiros aqui de Pernambuco para firmar uma posição", acrescentou.
Segundo ele, não está descartada a possibilidade de o grupo lançar um nome para disputar o comando da legenda no próximo dia 29. Entre os nomes lembrados está o do prefeito de Recife, Geraldo Júlio. De acordo com o edital de convocação, a inscrição das chapas deverá ocorrer junto à primeira secretaria nacional do PSB até 48h antes do início da reunião do dia 29.
Integrante da Executiva Nacional do PSB e presidente da legenda em São Paulo, Márcio França afirmou que é contra o adiamento e que a data para a escolha da nova Executiva foi acertada antes das eleições. "Esse cronograma foi deixado pelo Eduardo antes de ele falecer e o Roberto Amaral está seguindo o roteiro". Sobre um possível racha, afirmou: "Se houver votação, tem 125 pessoas aptas a votar e cada um vai se posicionar. Mas vamos brigar até o final para ter unidade. Não pode ser uma coisa feita por decreto de ninguém".
O dirigente ressaltou ainda que o diretório, que contaria com o maior número de votos internos, apoia a permanência de Amaral no comando de legenda. "Criou-se uma expectativa e é normal que cada um ache que possa ser o melhor. Mas São Paulo tem 32% dos delegados, se fosse para reivindicar algo, São Paulo deveria estar à frente de todo mundo. Mas eu acho que, quando você está brigando por uma unidade, cada um tem que abrir um pouco mão de suas pretensões".