Um dos principais interlocutores do ex-presidente Lula, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, negou nesta sexta-feira (15) que o PT trabalhe para impedir que o PSB tenha candidatura própria à Presidência após a morte de Eduardo Campos, vítima de acidente aéreo.
Marinho disse que o ex-presidente procurou o presidente do PSB, Roberto Amaral, e pretende falar com Marina Silva, cotada para assumir a disputa ao Planalto, para oferecer conforto. "Não existe de nossa parte qualquer conversa com alguém do PSB para desestimular [o partido] a ter candidatura. Seria um desrespeito. Não faz parte das verdades. O que o presidente Lula disse é que ligará para Marina em solidariedade, conforto. Temos relação que ultrapassa essas coisas".
Segundo Marinho, Marina seria a candidata natural para a vaga. "Se eu estivesse lá, eu defenderia, evidente que não faria sentido nessa conjuntura Marina não ser candidata. A tendência é ela ser candidata, era vice do Eduardo, tem densidade para ser [candidata]", afirmou o petista.
Coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, o prefeito reconheceu que a "tragédia" envolvendo Campos muda o cenário eleitoral. Ele disse, no entanto, que ainda é cedo para identificar os efeitos.
Questionado se Marina sair candidata aumenta a chance de segundo turno, Marinho disse que essa não é uma questão automática. "Isso é muito cedo para falar. A eleição tem dois turnos e temos que estar preparados para os dois turnos e acreditar na nossa força. Eu acredito que temos condições de eleger a presidente [Dilma Rousseff] seja quem for o adversário".
Nos bastidores, petistas admitem que a candidatura de Marina levará a disputa para o segundo turno, frustrando o desejo de reeleição de Dilma já em 5 de outubro. Mas, em contrapartida, será mais nociva ao PSDB.Marina, avaliam petistas, é uma ameaça maior a Aécio Neves, até porque nunca declararia seu voto ao tucano num eventual segundo turno entre ele e Dilma.
O prefeito afirmou que presidente orientou que a campanha permaneça em luto até o sepultamento e o fim das homenagens a Campos. "Vamos aguardar o luto. Vamos aguardar o garimpo dos restos mortais, do velório para retomar a campanha. É uma questão de respeito nesse momento de dor."
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