Temer não acredita que PF tenha sido usada para prejudicar aliado
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou ontem não acreditar que a Polícia Federal (PF) tenha sido usada para prejudicar a candidatura do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a presidente da Câmara. Na semana passada, o parlamentar peemedebista divulgou gravação que, segundo ele, teria sido forjada para incriminá-lo e constrangê-lo. Cunha afirmou que recebeu a informação de que integrantes da cúpula da PF estariam envolvidos na produção do áudio, que teria sido feito a pedido do governo federal. A PF abriu inquérito para investir a gravação. "Eu não acredito e acho que nem o Eduardo Cunha acredita [na hipótese de armação da PF]", disse Temer. "Não acredito que alguém da Polícia Federal pudesse fazer isso."
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara, encerrou sua "turnê" pelo Brasil em Curitiba. Na capital paranaense, ele se reuniu com o governador Beto Richa (PSDB). Durante a conversa, o deputado focou em dois temas: o debate sobre um novo pacto federativo na Câmara, tema que interessa particularmente aos governadores, e a independência do parlamento em relação ao Executivo, assunto de maior interesse dos oito deputados presentes na reunião. Entretanto, ficou claro que o principal objetivo era convencer eleitores do candidato Julio Delgado (PSB-MG) a migrar para o seu lado.
Os tucanos apoiam oficialmente Delgado para a presidência da Câmara, mas Cunha aposta na dissidência de alguns deles.
Depois da reunião com Richa, Cunha seguiu para um jantar oferecido pelo deputado João Arruda (PMDB). Essa foi a última visita de Cunha aos estados antes das eleições nos próximos dias, ele deve ficar em Brasília para conversar com as bancadas. Desde que lançou sua candidatura, visitou todos os 26 estados.
O peemedebista argumentou, para Richa e deputados presentes, que a campanha chegou em um momento de polarização entre ele e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Nas entrelinhas, foi uma tentativa de atrair o voto da oposição para sua candidatura. Ele disse que "não menospreza e não desrespeita as candidaturas postas", mas que "não acredita em segundo turno". O deputado Sérgio Souza (PMDB) defendeu que seria "melhor para o parlamento" resolver a questão ainda na primeira votação.
Elogios
Durante a reunião, Richa não economizou elogios ao candidato do PMDB. "Tive o auxílio do deputado em um momento delicado, para questões de interesse do Paraná", disse. Segundo fontes próximas ao governo, Cunha intermediou o diálogo entre Richa e o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal responsável por "destravar" empréstimos requisitados pelo estado. Cunha disse "não se lembrar" se isso ocorreu. "Eu costumo não me lembrar das coisas que me pedem, mas eu atendo", brincou.
Ainda assim, o governador não declarou apoio formal ou pediu voto aos deputados,pois seu partido apoia formalmente a candidatura de Delgado. Presente na reunião, o deputado Fernando Giacobo (PR) até tentou arrancar uma declaração de apoio. "Se o senhor der uma empurradinha, todos os deputados do Paraná vão apoiar [Cunha]. Vai ficar só o PT com ele [Chinaglia]!", disse. Mesmo com a "cantada", Richa manteve sua posição.
Deputado federal eleito, Valdir Rossoni (PSDB), por outro lado, deixou claro que não pretende seguir a orientação do partido e que só não vota em Cunha se o PSDB lançar candidato próprio. Para ele, os tucanos decidiram pelo apoio sem consultar os deputados eleitos. "A primeira reunião será nesta sexta-feira, e vou defender esse ponto [o apoio a Cunha]. Pode ter tido uma reunião da bancada antiga. Da nova, eu não participei", disse.
Também estavam presentes na reunião os deputados André Zacharow (PMDB), Luiz Nishimori (PR), Diego Garcia (PHS), Ricardo Barros (PP) e Marcelo Belinati (PP) os dois últimos disseram aos presentes que o PP ainda não definiu seu voto.