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A Polícia Federal descobriu que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) - que presidiu a CPI dos Correios - fez um vôo num avião alugado por R$ 24 mil pelo empresário Zuleido Veras, apontado na Operação Navalha como chefe de um esquema de desvio de verbas públicas, a partir do pagamento de propina e oferta de presentes a políticos e servidores públicos. A polícia fez a descoberta com base em informações registradas numa das pastas apreendidas em escritórios da Gautama, empresa de Zuleido, em Brasília e Salvador, na quinta-feira. Em outra relação do empresário com políticos, uma matéria publicada pela revista "Veja" desta semana mostra que o governador da Bahia, Jaques Wagner, e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, teriam usado uma lacha de Zuleido para um passeio.

As pastas encontradas na Gautama contêm anotações sobre obras, emendas de interesse da empresa aprovadas pelo Congresso e nomes de parlamentares, relacionados a valores em dinheiro ou presentes . Segundo um dos investigadores do caso, são arquivos detalhados. Os policiais foram à sede da empresa dona do avião e confirmaram que o vôo foi pago pela Gautama.

A PF deflagrou a Operação Navalha quinta-feira passada. Foram presos 46 políticos, empresários, lobistas e servidores públicos supostamente envolvidos com o esquema de fraudes e pagamentos de propina.

Quatro dos presos obtiveram habeas-corpus - um antes de ser preso; os três outros foram soltos. No fim da noite de sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes indeferiu os pedidos de habeas corpus feitos pelos advogados de seis presos pela Operação Navalha e adiou a decisão de outros pedidos para este domingo.

Um levantamento preliminar da Controladoria Geral da União (CGU) mostra que a a Gautama firmou contratos no valor de R$ 157 milhões com o governo federal de 2000 a 2006 , dos quais a União pagou R$ 103,1 milhões à empresa.

Delcídio surpreso

Delcídio disse no sábado que ficou surpreso com o aparecimento de seu nome em arquivos da Gautama, mas admitiu que usou um avião particular em abril, que teria sido alugado por um amigo. No início de abril, Delcídio precisou ir de Brasília a Barretos (SP) com urgência, devido ao falecimento de seu sogro, e pediu que o amigo, o engenheiro Luiz Gonzaga Salomon alugasse um bimotor.

- Pedi que ele arrumasse um avião, depois eu pagava, e fui para o enterro em Barretos. Não sei o que o Gonzaga fez depois do meu pedido, mas vou tirar isso a limpo - disse.

Salomon confirmou que alugou, na empresa Ícaro, um bimotor para o senador e que, por problemas de dinheiro, pediu que a conta fosse paga por Zuleido. Salomon disse que deu um cheque-caução em 4 de abril, data do aluguel do avião, e, no vencimento da fatura, pediu a Zuleido que pagasse a conta. Mas, ao contrário do que informa a PF, Salomon disse que Zuleido não cumpriu a promessa e que agora a conta seria assumida pelo senador.

- Por dificuldades de caixa para quitação da dívida, contatei Zuleido Veras e pedi para ele quitar a dívida. Não vou dizer agora que não conheço Zuleido. Todo mundo conhece Zuleido, é um sujeito formidável, muito solícito - disse Salomon.

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