O governo da Espanha autorizou a continuidade do processo de extradição do advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de integrar o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como o departamento de propinas da empreiteira. Duran, que também tem nacionalidade espanhola, está preso no país europeu desde 18 de novembro, a pedido da Operação Lava Jato.
O comunicado foi encaminhado à Embaixada do Brasil em Madri pelo Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, em 24 de janeiro. A notificação foi encaminhada na última sexta-feira (3) ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, e informa que o Conselho de Ministros da Espanha autorizou a continuidade do processo de extradição solicitado pelas autoridades brasileiras.
Tacla Duran não é o único apontado como operador da Odebrecht que foi localizado no exterior. Em fevereiro de 2016, o executivo Fernando Miggliacio foi detido na Suíça tentando encerrar contas bancárias no país. Também acusado de operar contas da empreiteira para o pagamento de propinas no exterior, Miggliacio é alvo de uma investigação na Suíça e também teve sua prisão decretada na Lava Jato, durante a 23.ª fase da operação, chamada Acarajé.
Com nacionalidade Suíça, o lobista Bernard Freiburghaus evitou a extradição, mesmo com mandado de prisão emitido no Brasil. Freiburghaus é acusado de operar contas para movimentar propina da empreiteira no exterior e responde a uma ação penal da Lava Jato.
Planilhas do departamento de propinas
Duran foi alvo de um mandado de prisão preventiva na 36.ª fase da Lava Jato, a Operação Dragão, deflagrada em 10 de novembro. O nome é uma referência ao apelido do advogado nas planilhas do departamento de propinas. Como não estava no Brasil, ele foi considerado foragido e teve seu nome incluído na lista vermelha da Interpol. Oito dias depois, foi detido pela polícia em Madri. Com isso, as autoridades brasileiras iniciaram seu pedido de extradição, que depende do governo e da Justiça espanhola.
Apontado como um dos operadores das offshores do departamento de propina da Odebrecht, Duran tinha uma rede de empresas para movimentar dinheiro que, segundo as investigações, não se restringiam à empreiteira. A partir das quebras de sigilo das empresas do advogado, a Lava Jato identificou que suas companhias receberam R$ 36 milhões de nomes como UTC, Mendes Júnior e EIT, além de empresas de outros operadores identificados na Lava Jato.
Somente da Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados recebeu, entre 2011 e 2013, R$ 25 milhões. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que os repasses foram informados na proposta de delação premiada da Mendes Júnior em negociação com a Procuradoria-geral da República. Os valores seriam destinados a agentes públicos envolvidos em irregularidades em obras da Petrobras e do governo do Rio.
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