Fazenda de Bibinho vale pelo menos R$ 50 milhões
O jeito discreto que o diretor-geral Abib Miguel, o Bibinho, emprega para comandar a Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, é diferente em Goiás, onde ele tem uma propriedade rural. Na pequena cidade de São João d´Aliança, todos conhecem o dono da Fazenda Isabel, a maior da região. Bibinho não é muito visto por lá, mas entre os moradores prevalece a imagem de que se trata de um grande fazendeiro.
Veja quem é e como age o homem que comanda as finanças do Legislativo do Paraná
- RPCTV
Duas servidoras comissionadas da Assembleia Legislativa do Paraná vivem em Balneário Camboriú, cidade do litoral de Santa Catarina muito conhecida e frequentada pelos paranaenses. Mariles Prevedelo Pequeno e a filha dela, Lorete Prevedelo Pequeno Cury, moram em uma casa simples numa rua pacata do município catarinense, a duas quadras do mar. Ambas aparecem na lista de servidores da Casa, mas não trabalham no Legislativo. Elas moram longe do Paraná há mais de cinco anos.
As duas foram encontradas em Camboriú pela reportagem, em pleno horário de expediente, no mês passado. A reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV flagrou Mariles, às 17h30 do dia 24, saindo de casa durante a tarde de um dia normal de trabalho. Puxando um carrinho de feira, ela foi até um supermercado que fica na rua onde ela mora. Sem saber que estava sendo gravada, Mariles admitiu que a família mora há 6 anos na cidade litorânea de Santa Catarina e que nunca trabalhou na Assembleia do Paraná. No dia seguinte, 25 de fevereiro, por volta de 17h30 horas, Lorete foi ao mercado para comprar pão.
Gina Prevedelo Pequeno, irmã de Lorete e filha de Mariles e ex-servidora da Assembleia, também sem saber que estava sendo gravada, revelou à reportagem que as três já moravam em Balneário Camboriú quando o Legislativo do Paraná pagava seus salários. Ao ser perguntada sobre o tempo em que mora na cidade catarinense, ela respondeu: "Eu morei 5 anos aqui. Daí, fui para Curitiba, fiquei um ano e meio lá, mas agora aqui mora a minha mãe". A reportagem então questionou se sua mãe (Mariles) e irmã (Lorete) moravam há muito tempo em Camboriú. Gina disse: "Elas vieram junto comigo. Estão há seis anos e meio".
Somas vultosas
Documentos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPCTV revelam que, entre 2004 e 2009, mãe e filha receberam depósitos da Assembleia de pelo menos R$ 2,2 milhões (R$ 1 milhão para Mariles e R$ 1,2 milhão para Lorete).
Gina, embora não conste mais como servidora da Assembleia, também foi beneficiada com depósitos de somas vultosas no período em que esteve oficialmente no quadro de pessoal da Casa. De 2004 a 2007, a Assembleia depositou em nome da filha do contador de Bibinho mais de R$ 1 milhão na conta bancária dela.
O motivo para tantas benesses da Assembleia destinada a mãe e filhas pode estar no parentesco que as duas têm com Douglas Bastos Pequeno, o contador da fazenda de Goiás do diretor-geral da Assembleia, Abib Miguel. Mariles é ex-mulher de Douglas e Lorete e Gina, filhas do casal.
Outro familiar do contador de Bibinho também está envolvido no caso. Thiago Cury, filho de Lorete e neto de Douglas Pequeno, foi contratado pela Assembleia em junho de 2007. Nos diários oficiais a que a reportagem teve acesso não consta a exoneração de Cury, mas, numa contradição, ele não apareceu na lista dos servidores da Casa, divulgada em abril do ano passado.
Documentos, porém, mostram que, de junho de 2007 a fevereiro de 2009, foram depositados R$ 350 mil na conta bancária em nome dele. Cury foi abordado pela reportagem em Itajaí, cidade a 9 quilômetros de Camboriú e, sem saber que era gravado, admitiu que não trabalhou na Assembleia no período.
Sem respostas
No início da semana passada, a reportagem retornou a Balneário Camboriú para pedir explicações à família sobre os pagamentos recebidos pela Assembleia. Lorete foi abordada no portão de casa. Ao perceber a câmera da RPCTV, ela se identificou como Maria Ferreira da Costa, dizendo que cuidava da casa. Depois, admitiu ser Lorete. Mas afirmou que não tinha nada para falar. Ontem, a reportagem novamente os procurou, por telefone. A informação, de uma pessoa que se identificou como empregada da casa, era de que não havia ninguém para falar.