O ex-diretor geral da Assembleia Legislativa do Paraná (AL-PR), Abib Miguel, vai continuar preso. Na tarde desta quinta-feira (27), a Justiça negou um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Bibinho, como o ex-diretor é conhecido. Ele é acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro público e contratação de funcionários fantasmas e laranjas na Casa.
A permanência de Abib Miguel na prisão foi aprovada por dois votos a um na 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ). O relator do pedido de soltura, desembargador José Maurício Pinto de Almeida já havia votado na semana passada contra o habeas corpus. Ele considerou os argumentos apresentados pelo Ministério Público Estadual: o poder de interferência de Bibinho nas investigações e as ameaças que o ex-diretor teria feito a policiais e membros do MP.
Nesta quinta, votou primeiro o desembargador Lídio Rotoli de Macedo que foi a favor da libertação de Abib. O desembargador Noeval de Quadros realizou o "desempate". Quadros seguiu o relator e votou para que Bibinho permanecesse detido.
Histórico
Abib Miguel está preso desde o dia 24 de abril quando foi deflagrada a Operação Ectoplasma 1, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP. Além dele, outras nove pessoas foram detidas na ação. Bibinho chegou a ser solto, em 6 de maio. Ele ficou cinco horas em liberdade, até que uma nova decisão judicial determinou que ele deveria voltar para o quartel do Comando Geral da Polícia Militar - no Centro de Curitiba onde está detido.
Denúncias
No início do mês, Bibinho, outros dois ex-diretores que também estão presos - José Ary Nassiff (ex-diretor de Administração) e Cláudio Marques da Silva (ex-diretor de Pessoal) e o funcionário João Leal de Mattos foram denunciados por desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A Justiça acatou esta denúncia criminal.
No dia 18, o Ministério Público denunciou mais uma vez Bibinho e outras 12 pessoas por causa das irregularidades cometidas na AL.
O desvio de dinheiro na Casa de Leis ultrapassa R$ 100 milhões, segundo a estimativa do Gaeco, feita com base no montante comprovadamente já desviado (cerca de R$ 26 milhões) e em indícios levantados nas investigações que ainda estão curso.
Na primeira denúncia do MP, Abib Miguel e João Leal de Mattos foram denunciados por cometerem 1.182 vezes o crime de peculato (desvio de dinheiro público), uma vez para cada salário depositado na conta bancária de um fantasma ou laranja do esquema. Na segunda denúncia, Bibinho e o funcionário Daor de Oliveira foram denunciados 894 vezes por peculato.
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.