As defesas do presidente do Conselho de Administração da Camargo Correa, João Ricardo Auler, e do presidente da empresa Dalton dos Santos Avancini entregues à Justiça Federal do Paraná na tarde desta quarta-feira (28) pedem a absolvição dos dirigentes e destacam trechos de depoimentos de delatores do caso e apontam que seria outro executivo, o vice-presidente Eduardo Hermelino Leite, o responsável por eventuais crimes sob investigação. Os três executivos estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde novembro, quando foi deflagrada a 7ª fase da Operação Lava-Jato.

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Auler e Avancini tem o mesmo advogado a frente de suas defesas, o criminalista Celso Vilardi. O texto inicial de ambas as respostas enviadas à Justiça são similares com alegações de cerceamento de defesa por falta de acesso a documentos, como as provas entregues pelo delator Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (executivo da Setal Óleo e Gás) e os depoimento do policial Jayme de Oliveira Filho, conhecido como Careca. É questionado também o fatiamento da denúncia pelo Ministério Público Federal, deixando para outro momento as acusações de cartel e fraude em licitações, e os decretos de quebra de sigilos telefônicos e de e-mail de outros investigados.

Em ambos os casos, há também a sustentação da tese de que as acusações foram feitas contra Auler e Avancini apenas pelos cargos ocupados por eles na Camargo Corrêa e não teriam sido descritos fatos para corroborar a participação deles no esquema. A tese sustentada é de que a acusação é contra a empresa e não havendo nada específico de atuação dos dirigentes.

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Na defesa de Auler é destacado trecho do depoimento de Mendonça Neto no qual esse afirma que ele teria atuado no cartel apenas até 2006, tendo sido substituído nas negociações por Leite e Avancini. Ressalta-se ainda que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não fez qualquer citação a Auler, afirmando que seu principal interlocutor era Leite e que teve algum contato também com Avancini.

Na peça entregue em nome de Avancini é ainda mais explícito o repasse de culpa a Leite. Após usar o mesmo trecho sobre a citação de Costa, a defesa ressalta a frase dita pelo ex-diretor de que "esse tipo de contato direto era com Leite". "Ora, "esse tipo de contato" seria aquele para "fins de repasse". Foi essa a pergunta de Vossa Excelência. Ou seja, não obstante o corréu colaborador afirmar que participou de reuniões, o que se tem também é que ele esclarece que "esse tipo de contato", "para fins de repasse", não se dava com o peticionário", diz a defesa de Avancini.

Eduardo Leite já entregou sua defesa negando ter participado de qualquer crime. Afirma também que responde a ação apenas pelo cargo ocupado. Sua defesa já tentou transferi-lo para prisão domiciliar alegando que ele sofreria de transtorno bipolar, mas o pedido foi negado pelo juiz Sérgio Moro.