Identificadas 100 vítimas do acidente da TAM

Mais três corpos de vítimas do acidente com o Airbus da TAM foram identificados neste sábado. Ao todo, já são 100 pessoas identificadas. Os corpos identificados são de Diogo Casagrande Salcedo, Vinicius Costa Coelho e Arthur Souto Maior de Queiroz.

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Os manifestantes contra o caos aéreo que saíram do Monumento às Bandeiras por volta das 9h20 chegaram aproximadamente às 11h50 deste domingo (29) ao local onde o avião da TAM explodiu no dia 17 de julho.

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Informalmente, policiais militares estimaram que houve concentração entre 4 mil e 5 mil pessoas. Oficialmente, porém, a Polícia Militar não estimou o número de participantes. Ao chegar ao local, os manifestantes rezaram o "Pai Nosso", fizeram dois minutos de silêncio, aplaudiram e cantaram o Hino Nacional.

O clima que já era de comoção teve seu ápice, quando a multidão chegou em frente ao prédio. Muitas pessoas choraram e alguns manifestantes gritaram palavras de ordem como 'Assassinos" e "Fora Lula" ainda com mais ênfase.

A emoção foi ainda mais forte entre amigos e familiares das vítimas. "Isso se chama impunidade. É o que acontece nesse país. É muita falta de respeito", afirmou Ana Lúcia Caltabiano, amiga de Fernando Volpe Estato, economista de 24 anos que morreu no acidente.

A multidão recebeu flores e as jogou em direção ao prédio. Uma cerca instalada pela polícia a 20 metros do prédio impede a aproximação dos manifestantes. O chão ficou repleto de flores.

O início

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Vestidos de preto, com flores e fotos de familiares mortos nas mãos, os manifestantes enfrentaram frio intenso e garoa fina. Cartazes pretos com letras brancas carregaram as mensagens 'respeito às famílias', 'solidariedade às famílias', 'basta' e 'cansei'.

Houve também protestos expressos contra o governo federal. "Presidente Lula: O dia e a hora chegaram. Honra tua faixa presidencial sobre o túmulo do meu marido Andrei. Lili." O clima foi de comoção. Antes do início da caminhada, os manifestantes - parentes das vítimas à frente - fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos mortos.

Por volta das 9h10, os manifestantes realizaram uma homenagem 15 soldados do Corpo de Bombeiros que participaram das buscas por corpos do acidente da TAM. Depois de aplausos, os bombeiros receberam flores brancas. Emocionados, manifestantes abraçaram os soldados.

Um dos homenageados, o porta-voz do Corpo de Bombeiros Mauro Lopes, disse que recebe as homenagens com muito carinho e respeito. "Sabemos o apreço que a população tem pelos Bombeiros. Procuramos resgatar as pessoas como se estivessem vivas", disse ele. Técnicos do Instituto Médico Legal, policiais militares e agentes da Defesa Civil também foram homenageados. "Foram os primeiros a chegar no local do acidente", anunciou a organização do evento.

No carro de som, organizadores dizem que a sociedade exige e a população exige respeito. Os organizadores pediram para que não sejam utilizadas bandeiras de partidos.

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Seu Jorge lê manifesto

O cantor e compositor Seu Jorge leu um texto no caminhão de som acompanhando o tom da manifestação, pedindo respeito à população. Ao final ele cantou a música 'Para não dizer que não falei das flores', de Geraldo Vandré, um hino da oposição à ditadura militar. Além de citar as vítimas do acidente com o avião da Gol em setembro do ano passado e da TAM no dia 17 de julho, ele também citou as pessoas mortas por causa da violência urbana e rural, falta de educação, saúde e saneamento, além daqueles que perdem horas todos os dias em ônibus lotados. "A tragédia cotidiana não dá ibope e não gera comoção", afirmou.

Em outro momento Seu Jorge criticou os governantes do país. "Já chega de sermos desrespeitados por aqueles eleitos por nós." Ele citou o escândalo do mensalão, a dança da pizza, e o 'gesto obsceno' do assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, mostrado pela televisão. "Vamos mostrar a cara e demandar mudanças. Que não seja um 'basta', mas um 'vamos'." Apesar de fazer críticas ao governo federal, Seu Jorge afirmou que o movimento é apartidário.

O avião da TAM com 187 pessoas a bordo não conseguiu pousar na pista do Aeroporto de Congonhas, atravessou a Avenida Washington Luís e bateu no prédio da TAM Express, onde trabalhavam entre 50 e 60 pessoas no momento da colisão. Além dos ocupantes do avião, outras 12 pessoas que não estavam no avião morreram, elevando para 199 o número de mortos.

"Sob caos aéreo há mais de dez meses, sem perspectivas de solução a curto prazo, e mais de 350 mortos, os brasileiros devem expor publicamente o seu repúdio e exigir do governo soluções imediatas para inibir os abusos a que todos os passageiros e famílias estão sendo submetidos", diz o texto de divulgação do evento.

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A manifestação é promovida por entidades Associação Brasileira de Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreos (ABRAPAVAA). A presidente da entidade, Sandra Assali, também fez referência à ditadura. "Fiz pressão para que o prédio da TAM não seja demolido porque acredito que ainda há vítimas no local. A ditadura acabou, mas eles insistem em nos enrolar", afirmou.

O movimento tem participação de pelo menos outras seis entidades: Cidadão, Responsável, Informado e Atuante (CRIA Brasil), Campanha Rir para não Chorar, Casa do Zezinho, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Brasil Verdade, Instituto Rukha e Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade.