Produtores de leite e laticínios, reunidos em São Paulo na maior feira do setor na América Latina, disseram que fraudes já haviam sido detectadas quatro anos atrás, mas que não houve punição adequada para quem adicionava soro ao leite pra lucrar mais. Hoje, segundo dados oficiais, apenas três em cada dez produtores não seguem as normas sanitárias.
Numa fazenda, no interior paulista, as ordenhas são mecanizadas e o processo inclui a higiene do funcionário e do animal. Depois, uma tubulação leva o leite até o tanque de resfriamento. O produto também é submetido a um teste de acidez e uma mostra é enviada para a indústria. O problema é que, segundo alguns produtores, hoje, pelo menos 30% do leite produzido no país não seguem as regras da Vigilância Sanitária.
- Isso acontece por problemas políticos, falta fiscalização - indica o produtor de leite, Paulo Sérgio Beutrane.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, Jorge Rubez, também denunciou que, há quatro anos, o Ministério da Agricultura já havia encontrado fraudes na indústria, como por exemplo a adição de soro que aumenta em até 20% a quantidade do produto. Mas a denúncia teria sido arquivada.
- O que incentiva a fraude é a impunidade. Espero que dessa vez punam adequadamente quem estiver fraudando - diz Rubez.
Para a pesquisadora da USP, Maricê Nogueira de Oliveira, além do leite longa vida, todos os queijos frescos também precisam ser analisados.
- Pode ter sido feito de maneira incorreta com leite, a matéria prima fraudada - alerta a pesquisadora.
O único consenso até agora é que as pessoas não devem suspender o consumo de leite e derivados. Esses produtos são ricos em cálcio e a falta desse nutriente pode provocar doenças. Segundo os profissionais de saúde, o melhor é apenas evitar os produtos que estão sob suspeita e consumir o leite pasteurizado (aquele vendido em saquinhos) e também iogurtes e queijos tipo prato e mussarela.
O Ministério da Agricultura informa que está investigando as denúncias da Associação dos Produtores de Leite.
Com o objetivo de tranqüilizar a população, o Ministério da Saúde e a Anvisa divulgaram uma nota em conjunto. A nota afirma que todas as medidas de inspeção e fiscalização estão sendo tomadas para assegurar a qualidade do leite e dos derivados à venda no mercado. E reafirma que, nos níveis encontrados, as substâncias químicas adicionadas ao leite não representam riscos à saúde do consumidor.
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