A insatisfação dos deputados federais do PR com a efetivação de Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes não é compartilhada pelos senadores da legenda. Enquanto a bancada da Câmara não esconde o descontentamento com a condução do escândalo pelo Planalto, os senadores avaliam que o saldo final do episódio será positivo para o partido. Ontem, a base da presidente Dilma Rousseff na Câmara não compareceu ao almoço dos líderes na casa do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que contou com a participação da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Já senadores do PR elogiaram a indicação de Passos, que é filiado ao partido.
O deputado Luciano Castro (PR-RR) comparou a rápida demissão do ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) da pasta dos Transportes às intensas articulações conduzidas pelo PT e pelo próprio Planalto para tentar preservar o ex-ministro Antonio Palocci (PT) na chefia da Casa Civil. Para Castro, o governo poderia ter dado mais oportunidades para Nascimento se explicar.
Além disso, Castro lembrou que o Planalto ouviu o PT, e até o PMDB, antes de escolher o sucessor de Palocci. No caso dos Transportes, o governo anunciou que se reuniria com lideranças do PR nesta semana para avaliar em conjunto um substituto para Nascimento. No entanto, a presidente Dilma Rousseff se antecipou e anunciou a efetivação de Pedro Passos no cargo. "A decisão sobre o preenchimento do cargo é dela, é uma escolha pessoal dela, nós respeitamos", declarou Castro, sem esconder o desapontamento.
No Senado, entretanto, a leitura do episódio pelos parlamentares da sigla é outra. Um senador do PR, que pediu para não ser identificado, afirmou que "o saldo final será positivo ao partido". Para este senador, manter Nascimento no cargo por mais tempo agravaria o desgaste do ex-ministro, com reflexos diretos na imagem do partido. E na avaliação deste senador, Dilma agiu rápido para estancar o escândalo e preservar a imagem do governo, porque já aprendeu com as crises anteriores.
"[Passos] é um técnico bom e é um técnico do partido", acrescentou o senador Clésio Andrade (PR-MG). Para ele, a insatisfação da bancada do PR na Câmara não vai atrapalhar o relacionamento com o governo. "Pode haver insatisfação na bancada do PR da Câmara, mas isso se acomoda. Não vejo que possa haver uma reação da bancada. Até porque o governo tem base muito forte no Congresso."
Os senadores do PR avaliam que não tiveram prejuízos com o episódio. A bancada apoiou a indicação de Pedro Passos para suceder a Nascimento (que era indicado pelo PR do Senado). Além disso, garantiu a indicação dos interinos do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), no lugar de Luiz Antonio Pagot, e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, no lugar de José Francisco das Neves, o Juquinha. Os nomes dos possíveis substitutos de Pagot e Juquinha serão indicados pelos senadores do PR.
O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), confirmou que os deputados da legenda descartam que o partido estude deixar a base aliada, apesar da insatisfação. "A bancada é governo e segue a orientação do governo."
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