Roberto Jefferson (PTB), pivô da crise que abala o PT e o governo do presidente Lula, confessou que usou mais de R$ 1 milhão de um "caixa 2" para se eleger deputado federal pelo Rio de Janeiro. A declaração foi dada na noite desta sexta-feira, em Cascavel, no Paraná, durante o programa "Entrevista Coletiva", da TV Tarobá, retransmitido pela TV Educativa do Paraná.
Segundo o presidente do PTB, ele gastou, para se eleger nas eleições de 2002, cerca de R$ 1,5 milhão, mas declarou apenas cerca R$ 150 mil à Justiça Eleitoral. Segundo o deputado, o restante do dinheiro foi doado à campanha por empresas que não quiseram se revelar.
O uso de dinheiro não declarado em campanha política é crime e pode causar a perda do mandado e a suspensão dos direitos políticos. No entanto, é possível fazer uma retificação à Justiça Eleitoral para fugir à punição.
Lula
Na entrevista feita em Cascavel, Roberto Jefferson afirmou que mesmo que tivesse alguma evidência de desvio criminal ou ético nas atitudes do presidente Lula, ele não revelaria. Fez questão de dizer que até aqui ainda não tem nenhuma evidência nesse sentido. No entanto, deu algumas indicações de que uma devassa nas contas de campanha e a quebra de sigilo das empresas ligadas a Duda Mendonça podem acabar mostrando infrações na campanha presidencial de Lula.
O presidente do PTB fez uma comparação de sua atitude com a famosa fábula de Christian Andersen e afirmou que vai ficar esperando alguém gritar primeiro que "o rei está nu".
Canziani
Também voltou a afirmar que dos R$ 4 milhões que teria recebido do PT para auxiliar nas campanhas políticas de candidatos do PTB, nada foidistribuído para o Paraná. O deputado federal Alex Canziani, do PTB do Paraná, estava na platéia e foi alvo do "fogo amigo" do homem que detonou a crise do mensalão.
Jefferson revelou que o político de Londrina havia pedido uma contribuição e que já estava programado um repasse para Canziani na segunda remessa, que o PT havia prometido, mas que nunca veio. "Graças a Deus", disse, argumentando que se o PT cumprisse a promessa, o colega estaria "todo enrolado".
Sem renúncia
Jefferson reafirmou que não vai renunciar ao mandato e que vai lutar "feito um índio" para permanecer no cargo. No entanto, já revela planos para voltar à advocacia criminal e que não tem intenção dese reeleger deputado. Ele sabe que é difícil evitar ser cassado. "Já saio com a metade contra, que são o PT, o PP e o PL, e precisa só da metade para me cassar".
Boquirroto
O deputado mostrou-se calmo na maior parte da entrevista, mas não faltaram os momentos mais tensos. Um desses foi quando, avisado de que o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) poderia estar acompanhando o programa em Jandaia do Sul, olhou para a câmara e chamou o relator de "boquirroto" e "falastrão", que tenta se aproveitar do "Ibope" e das câmeras, mas que logo sairia de evidência porque, segundo Jefferson, a CPI do Mensalão vai engolir a CPI dos Correios.
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