Grandes empresas que fazem volumosas doações eleitorais usam parceiros comerciais para esconder parte de suas contribuições a candidatos. O mecanismo é adotado para que a empresa consiga doar acima do limite legal de 2% do faturamento. A denúncia foi publicada em reportagem do jornal Valor Econômico.
De acordo com a publicação que ouviu três parlamentares e um executivo sob a condição de anonimato , empresas de grandes grupos, como os de telecomunicação e das empreiteiras, adotam a prática quando não querem ser relacionadas a determinada campanha ou candidato. A empresa parceira age como "laranja", aparecendo como doadora oficial. Em troca, ganha descontos ou pagamentos "extras" em contratos com a empresa que quer manter sua doação oculta.
Ainda de acordo com a reportagem, empresas também fazem uma espécie de "doação cruzada": uma empresa de determinada região faz doação a um candidato de outra região. A empresa que atua nessa segunda área então contribui para a campanha de um político da outra região, indicado pela primeira companhia. Assim, fica mais difícil associar doações a possíveis irregularidades, já que a empresa que efetuou a doação não teria relação com o candidato.
Essa prática nunca foi investigada pela Justiça Eleitoral. O juiz Márlon Reis, que participou da redação da Lei da Ficha Limpa, nem sequer havia ouvido falar dela. Outros magistrados ouvidos pelo jornal consideraram essa atitude como moralmente condenável, mas que legalmente não há como identificá-la.
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