Paulo Bernardo chegou a ser preso na deflagração da Operação Custo Brasil| Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

A Justiça Federal de São Paulo determinou nesta terça-feira (5) o bloqueio de até R$ 102,6 milhões das contas do PT, do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e do ex-ministro Paulo Bernardo em decorrência da Operação Custo Brasil. De acordo com o juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, da 6.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, o partido foi um dos principais beneficiários do dinheiro desviado de empréstimos consignados de servidores federais.

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“Os colaboradores apontam Vaccari como uma espécie de mentor de esquema de desvio de dinheiro no caso Consist”, disse o juiz no despacho completando: “O principal beneficiário do esquema seria o Partido dos Trabalhadores”.

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Além dos três, Bueno mandou bloquear os mesmo valores da empresa Consist e da CSA NET, que tiveram participação central no esquema. O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que teve nova prisão decretada na segunda-feira (4), na 31.ª fase da Operação Lava Jato, teve bloqueados R$ 755,9 mil - valor que ele teria recebido no esquema. Bueno bloqueou ainda R$ 120 mil da Editora 247, que edita o site Brasil 247, referente aos valores repassados ao site.

Os bloqueios são decorrentes da Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18.ª fase da Lava Jato, que apura o pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática com a empresa Consist, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015

Segundo a Polícia Federal (PF), há indícios de que o Ministério do Planejamento, durante a gestão de Paulo Bernardo, direcionou a contratação da Consist para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado. De acordo com a apuração, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência por meio de outros contratos fictícios.

Foram bloqueados ainda R$ 34,1 milhões das empresas Consucred Serviços e Consulcred Tecnologia e R$ 1,9 milhão da Politec. O juiz determinou valores menores de bloqueio a acusados que tiveram participação menor no esquema. O advogado Guilherme Gonçalves, por exemplo, que teria repassado valores ao ex-ministro Paulo Bernardo, teve bloqueados R$ 7,6 milhões. Outros intermediários de recursos tiveram bloqueios limitados aos valores que transitaram por suas empresas e contas.

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Paulo Bernardo

O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, que estava à frente pasta em 2010, quando o esquema teria começado.

Os investigadores apontam que o ex-ministro foi um dos beneficiados pelos supostos desvios. O dinheiro teria sido usado para pagar despesas pessoais, como salários de dois empregados, aluguel de garagem, loft, entre outros.

Paulo Bernardo chegou a ser preso na semana passada, mas foi solto por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli.

Outro lado

A reportagem ainda não conseguiu contato com o Partido dos Trabalhadores nem com a defesa de todos os citados.

Em ocasiões anteriores, os outros investigados negaram irregularidades, incluindo Paulo Bernardo.

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O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende Vaccari, afirmou que os bens do seu cliente já estavam bloqueados desde o ano passado por causa de outras ações em que o ex-tesoureiro do PT é investigado. Com relação às acusações da Custo Brasil, D’Urso afirmou que elas estão baseadas em “palavras de delator” e ainda não foram comprovadas por meio de provas.