O governador de São Paulo, Claudio Lembo, admitiu em entrevista ao SPTV que houve reunião com o preso Marcos Willians Herbas Camacho, o 'Marcola', apontado como líder do crime organizado em São Paulo, com a presença de autoridades. Segundo ele, a advogada Iracema Vasciaveo, apesar de ser de uma organização não-governamental, se apresentou ao governo no domingo como advogada de 'Marcola'.
- Havia necessidade da reunião com Marcola - disse o governador, justificando que o detento é um 'homem frio e efetivamente perigoso'.
Lembo admitiu também que a advogada Iracema Vasciaveo foi para Presidente Bernardes num avião da Polícia Militar do estado de São Paulo e que o encontro dela com Marcola foi presenciado por autoridades policiais. Segundo ele, havia urgência no encontro e as autoridades errariam se não estivessem presentes nele.
- Quando se está no meio de um grande conflito social, é preciso obter todas as informações, inclusive do encontro - afirmou.
O governador ressaltou, porém, que não houve acordo entre as autoridades e o bandido.
- Ouvir alguém não é negociar. Não foi feito pedido nenhum a ele - disse.
Lembo afirmou que a decisão de mandar 'Marcola' e outros cerca de 670 presos para a penitenciária de Presidente Bernardes foi tomada pelo secretário Nagashi Furukawa, da Administração Penitenciária, pois desde janeiro o governo do estado aguardava uma autorização da Justiça para encaminhar o preso para 'Regime Disciplinar Diferenciado', mas ela não chegou.
- Ele fechou esse senhor em solitária - explicou.
O governador explicou ainda que o encontro entre a advogada e Marcola, acompanhado por autoridades, tinha como objetivo mostrar a ela que ele não havia sido torturado na sede do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) na noite de sexta-feira.
- Achamos positivo mostrar que ele não sofreu nenhuma violência, nenhuma agressão. Ele não foi ferido, está integro - disse.
Na avaliação de Lembo, a polícia deveria usar todos os instrumentos disponíveis para conter os ataques, inclusive dialogando com a advogada. Mas voltou a negar que o fim da rebelião nos presídios - 73 se rebelaram desde a noite de sexta-feira - tenha sido negociada. No domingo, em menos de quatro horas, cerca de 25 presídios amotinados encerraram o levante.
Lembo ressaltou que foi comunicado sobre a transferência de presos e, depois, sobre a reunião com a advogada. Explicou ainda que o governo do estado tinha consciência do risco de transferir mais de 600 presos líderes do crime organizado para Presidente Bernardes, mas que os policiais tinham sido avisados da possibilidade de represálias.
- Tínhamos consciência do risco, sabíamos que começaria rebelião em presídio. Em alguns foi violenta, em outros foi um movimento de apoio - disse.
Lembo disse que o governo do estado de São Paulo ficou um tempo desaparelhado para obter informações, com o fim do antigo Dops, mas que o governador Geraldo Alckmin restabeleceu os sistemas de informação.
- O crime organizado é muito competente - afirmou.
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