Vídeo| Foto: RPC TV

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o seu programa de rádio semanal para defender aliados das denúncias de corrupção. Lula disse, no "Café com o Presidente", que Silas Rondeau precisava deixar o cargo de ministro de Minas e Energia para não ficar "sangrando a vida inteira". Rondeau pediu demissão no dia 22 sob suspeita de envolvimento com o esquema de desvio de recursos públicos desarticulado pela Operação Navalha da Polícia Federal.

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No mesmo programa, Lula afirmou ainda que o presidente do Senado, Renan Calheiros, acusado pela revista "Veja" de ter despesas pagas por um lobista da construtora Mendes Junior, é inocente até que se prove o contrário. Neste caso, o presidente defendeu uma ampla investigação. Renan teve seu nome citado também em várias gravações obtidas pela PF durante a investigação do esquema de fraudes em licitações de obras públicas que favoreciam a empreiteira Gautama, desvendado pela Operação Navalha.

Na edição desta segunda-feira, o jornal "O Globo" mostra que o presidente do Senado e seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), são acusados , também, em um procedimento administrativo instaurado no Ministério Público Federal de Alagoas. Dois primos acusam os irmãos Calheiros de terem ocultado que são donos de propriedades rurais na região de Murici, reduto eleitoral dos políticos no estado.

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O presidente do Senado não respondeu às acusações e limitou-se a dizer que fará nesta segunda-feira um discurso na tribuna do Senado para se defender .

Lula: 'Reportagem não significa culpa'

A PF acusa o ex-ministro Silas Rondeau de receber propina da empreiteira Gautama. Segundo imagens e conversas telefônicas gravadas pela PF, o assessor direto do ministro teria recebido R$ 100 mil da construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras (preso na operação policial) por facilitar licitações do programa Luz Para Todos. Lula defendeu o ex-ministro do rádio:

- O afastamento dele era uma necessidade para que ele não ficasse sangrando a vida inteira, porque ninguém suporta ficar nas primeiras páginas de jornais o tempo inteiro - disse Lula no programa de rádio. - Até agora, não tem nada contra o Silas, a não ser suposições. Como eu acredito no processo de investigação, vamos investigar. Se tiver alguma coisa contra o ministro Silas, ele pagará pelo erro que cometeu. O que não dá, na verdade, é para a gente condenar as pessoas por insinuações ou ilações, seja de quem quer que seja.

Para Lula, a operação revelou que é preciso melhorar o processo de licitação de obras públicas no país. E assegurou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não será prejudicado:

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- O PAC independe de qualquer investigação. Eu estou convencido que as denúncias são indícios importantes de que nós precisamos melhorar o processo de licitação nesse país e o processo de concorrência de obras públicas, porque muitas delas são obras delegadas do governo federal para estados e para municípios. Se em algum momento da história de uma licitação houve um problema, que se apure e que se puna quem cometeu o erro.

O presidente disse também no programa que reportagem não significa culpa, referindo-se às denúncias publicadas no fim de semana contra o presidente do Senado.

Presidente defende Operação Navalha

Lula disse que a PF não tem sido arbitrária na Operação Navalha e que precisa de independência para investigar quem quer que seja.

- A Polícia Federal faz a investigação. Para ela poder obter uma escuta telefônica, tem um pedido para a Justiça. Muitas vezes, para prender, ela tem que prender com uma decisão judicial, ela não faz nada de forma arbitrária. Da mesma forma, que nós queremos que o Ministério Público seja republicano e que seja independente, que seja autônomo, ou seja, a Polícia Federal tem que ser assim - disse Lula.

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O presidente, porém, condenou o vazamento de informações sob segredo de Justiça:

- Nós defendemos a idéia de que quando você tiver uma acusação sendo alvo de processo, que esse processo não seja vazado para a imprensa antes do final, porque senão nós cometemos o erro de condenar as pessoas, como já aconteceu tantas vezes no Brasil, pessoas que foram condenadas a priori e, depois que foi feita a investigação, essas pessoas eram inocentes.

Na quinta-feira, parlamentares do conselho político da coalizão queixaram-se ao presidente Lula de que os policiais estariam cometendo abusos durante a operação, como prisões sem justificativa e vazamento de informações sigilosas. Diante das reclamações, o presidente solicitou a apuração dos possíveis excessos da PF, de acordo com relato do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia. No mesmo dia, o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu que pode ter havido vazamento de informações da polícia sobre a operação e garantiu a investigação do fato.

- Não há nenhuma necessidade de impedir que a Polícia Federal exerça sua função de Polícia Federal, como não há nenhum interesse do governo em impedir que o Ministério Público utilize o poder que tem para investigar - completou o presidente, no programa de rádio.

De acordo com Lula, as investigações da PF aumentaram desde que ele assumiu o governo.

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- A Operação Navalha, da Polícia Federal, é igual a tantas outras operações que a Polícia Federal tem feito nesses últimos anos, sobretudo depois que eu tomei posse em 2003. Por que isso tem acontecido? Porque nós achamos que uma forma de você combater a corrupção é você permitir que a Polícia Federal tenha uma ação totalmente republicana, que ela tenha independência de investigar quem quer que seja - declarou.