Ministro concedeu entrevista coletiva para se defender das acusações, trazidas a público pela revista Veja| Foto: Valter Campanato/ABr

O ministro do Esporte, Orlando Silva, voltou a negar nesta segunda-feira (17) o envolvimento em desvio de verba na Pasta. O ministro informou que solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a apuração do caso. Ele também confirmou que vai prestar esclarecimentos às Comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Turismo e Desportos da Câmara, nesta terça-feira, às 14h30m.

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Durante coletiva realizada nesta segunda-feira (17), o ministro disse que está sendo vítima de "mentiras informadas por bandidos, pessoas criminosas". Ele afirmou que vai tomar uma série de medidas para restabelecer sua própria honra.

"Não há, nem haverá nenhuma prova do que foi dito por esses criminosos", comentou o ministro.

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Segundo o ministro, estão sendo realizados "ajustes" ao programa "Segundo Tempo". Ao longo das avaliações, segundo ele, foram constatados dois focos de irregularidades: em recursos repassados para aquisição de materiais esportivos e alimentação.

No caso de materiais esportivos, Orlando Silva informou que o ministério decidiu fazer pregões eletrônicos. Outra decisão foi excluir repasse de convênios para alimentação. O ministro defendeu a estruturação do programa que atende 1,8 milhão de jovens e adultos.

Na coletiva, o ministro afirmou que o programa Segundo Tempo não terá mais convênio com organizações não-governamentais (ONGs). O programa está no centro de acusações de supostos esquemas de pagamento de propina em programas do Ministério do Esporte.

Segundo Orlando Silva, atualmente o projeto tem 11 convênios com organizações não-governamentais que vencerão ao longo de 2012. Esses contratos não serão renovados.

Outra mudança se dará na contratação de empresas de alimentação ligadas ao programa. Essa responsabilidade, disse, ficará a cargo de prefeituras locais e deverá ser contratada por meio de pregão eletrônico.

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Orlando Silva afirmou que as acusações da revista "Veja" são uma resposta a investigações feitas pelo próprio Ministério do Esporte, por conta de irregularidades identificadas no passado.Na reportagem da revista, o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias e o motorista Célio Soares Pereira acusam o ministro de receber dinheiro desviado de programa do governo. Orlando Silva foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. O policial disse na reportagem que as entidades só recebiam recursos se houvesse o pagamento de uma taxa de até 20% do valor dos convênios.

Ainda segundo a denúncia, o PCdoB indicaria os fornecedores e as pessoas encarregadas de conseguir notas fiscais frias. Célio Soares Pereira contou que entregava dinheiro pessoalmente a Orlando Silva na garagem do ministério. Em oito anos, o esquema teria desviado R$ 40 milhões.

Oposição quer ouvir no Congresso os envolvidos em denúncias

A oposição apresentou nesta segunda-feira requerimentos no Senado e na Câmara para ouvir os envolvidos na denúncia de desvio de recursos do Ministério do Esporte. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), solicitou uma audiência pública com o ministro do Esporte, Orlando Silva, o ex-ministro e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o policial militar João Dias Ferreira.

Já o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), quer ouvir Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira, denunciantes do esquema de corrupção na pasta. A legenda também pede a presença de um representante do Ministério Público Federal na reunião.

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O pedido do PSDB foi feito na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, que poderá votá-lo em sua próxima reunião, na terça-feira. Já o requerimento do PPS foi apresentado na Comissão Turismo e Desporto da Câmara, que deverá votá-lo na quarta.

"Eu apresentei requerimento convidando o ministro Orlando Silva, o ex-ministro Agnelo Queiroz e o denunciante João Dias Ferreira. Se eventualmente o João Dias não puder ser convidado em razão da maioria governista impedir, nós buscaremos outras formas para ouvi-lo", afirmou Álvaro Dias.

"O Poder Legislativo deve exercer o seu papel constitucional e apurar com rigor e isenção essa denúncia gravíssima. Não vamos ficar só no depoimento do ministro, queremos ouvir os denunciantes", disse Rubens Bueno.

Tanto o PPS como o PSDB também protocolaram nesta segunda-feira representações na Procuradoria Geral da República pedindo que essas denúncias sejam investigadas. Álvaro Dias disse ainda que as denúncias não são novas e que já estão trabalhando nesse caso há cerca de quatro anos.

"Em 2007 o líder Arthur Virgílio (PSDB-AM) apresentou requerimento de informações a respeito. Em 2008 eu apresentei um pedido de auditoria no Tribunal de Contas da União (TCU) em função dos indícios que encontramos nos trabalhos da CPI das ONGs. Essas providências não foram suficientes. A presidente Dilma teve a oportunidade de mudar toda a equipe do Ministério do Esporte e a manteve, mesmo contaminada por tantas denúncias", criticou.

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