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Canziani: otimismo, apesar dos cortes | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Canziani: otimismo, apesar dos cortes| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Emendas

72% do valor será cortado

O governo federal confirmou ontem a previsão de cortar R$ 18 bilhões das emendas parlamentares, o que corresponde a cerca de 72% do total de R$ 25 bilhões aprovados no orçamento deste ano pelo Congresso com esse tipo de gasto, indicado pelos congressistas. Um corte dessa ordem já era esperado desde o início de fevereiro, quando a equipe econômica fez o anúncio de que o bloqueio seria de R$ 50 bilhões.

O detalhamento de todas as emendas parlamentares que serão prejudicadas, porém, ainda não foi feito. Até agora, apenas uma parcela de R$ 1,8 bilhão de emendas já teve seu detalhamento divulgado (veja reportagem ao lado).

A demora em definir quais serão as emendas cortadas pode ser considerada uma estratégia do governo para manter o Congresso em suas mãos. Tradicionalmente, a liberação desses recursos é usada pelo Planalto como meio de negociação com deputados e senadores. Essa ferramenta de pressão foi utilizada, por exemplo, na negociação da votação do salário mínimo de R$ 545, valor defendido pelo governo e aprovado pelo Congresso na semana passada.

O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) critica a falta de clareza nos critérios utilizados para o corte das emendas. Para ele, o corte deveria ser linear, sem considerar partido ou estado. "Isso serviria até para acabar com essas negociações", afirma o deputado, que diz ser contrário às emendas. "Para mim, os deputados devem assumir unicamente a função de legislar", completa. (CO)

Levantamento da ONG Contas Abertas, especializada em fiscalizar o orçamento federal, mostra que o Paraná não está entre os estados mais prejudicados na primeira etapa do corte das emendas parlamentares determinado pelo governo de Dilma Rousseff, no início de fevereiro, quando foi anunciado o bloqueio de R$ 1,8 bilhão desse tipo de gasto.

Segundo a ONG, a União vetou R$ 57,08 milhões dos R$ 765 milhões de emendas individuais e de bancadas aprovadas para o Paraná no orçamento de 2011. O Paraná ficou em 14.º lugar no ran­­­king dos mais prejudicados – quando considerado o valor absoluto (o Brasil tem 27 unidades da fe­­­deração). O estado com o maior valor de emendas vetadas foi Minas, R$ 189,2 milhões no total.

O corte de R$ 1,8 bilhão das emendas parlamentares, que deve ser multiplicado por dez (leia quadro ao lado), foi anunciado no início de fevereiro mas só foi detalhado no fim da semana passada.

A maioria dos cortes foi de emen­­­­das relacionadas aos ministérios de Ciências e Tecnologia, Cultura e Desenvolvimento Social.Essas emendas, se não fossem vetadas no projeto de lei orçamentária, teria de ser obrigatoriamente pa­­­gas em 2011 – ao contrário de outras ações cuja execução era facultativa ao governo. "Como não havia a possibilidade de contingenciamento [bloqueio para posterior pagamento se houver caixa], o governo acabou com as emendas", explicou o líder da bancada paranaense no Congresso, Alex Can­­­ziani (PTB).

No total, 42 emendas do Paraná foram vetadas. Dessas, apenas uma é de bancada. No valor de R$ 30 milhões, a emenda previa a aquisição de equipamentos para a implantação de projetos de inclusão digital no estado. Das individuais, a mais cara que foi cortada era uma do deputado Ratinho Júnior (PSC). A emenda, de R$ 4 milhões, também era destinada a projetos de inclusão digital.

O parlamentar afirma que, mesmo com o pacote de corte de R$ 50 bilhões, está otimista em relação aos recursos federais que deverão ser destinados ao Paraná neste ano. Para Canziani, mesmo o governador Beto Richa (PSDB) sendo de um partido de oposição a Dilma, ele tende a estar mais próximo do Planalto que o seu antecessor, Roberto Requião (PMDB).

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