As investigações da Polícia Federal na Operação Navalha atingem em cheio o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau. No relatório enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a PF acusa o ministro de prática de corrupção passiva. O documento é categórico e afirma que Rondeau recebeu a quantia de R$ 100 mil em seu gabinete, em Brasília, no dia 13 de março deste ano. O dinheiro, segundo a PF, teria sido levado por emissários do empresário Zuleido Veras, dono da empresa Gautama, que está no centro do esquema de desvio de recursos públicos.
"Apurou-se ainda que Silas Rondeau (ministro das Minas e Energia) recebeu, por meio de Ivo Almeida Costa (assessor especial do ministério), a quantia de R$ 100 mil, entregue por Maria de Fátima, uma vez que teria destinado recursos oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para convênio que beneficiaria a construtora Gautama", diz o relatório da PF.Na noite deste domingo, o ministro Silas Rondeau se defendeu.
Ele classificou as acusações de boatos e disse que "tomou todas as providências que um ministro tem que tomar em um momento como esse"
É importante que se tenha em mente que não se deve julgar por boatos. O meu chefe de gabinete não é a pessoa supostamente envolvida no problema. O suposto assessor não é do ministerio. Nós tomamos todas as providências que um ministro tem que tomar em um momento desse. Não podemos nos basear em informações que surgem a cada momento.
De acordo com o relatório da PF, quem levou o dinheiro, no dia 13 de março deste ano, ao ministério foi Maria de Fátima Palmeira, diretora comercial da Gautama em Brasília e presa na semana passada na Operação Navalha. Com gravações telefônicas e imagens de circuito interno do próprio ministério, a Polícia Federal flagrou Fátima entrando no prédio do ministério. Lá, ela encontrou-se com Sérgio Pompeu Sá, lobista que teria intermediado o suposto pagamento de propina ao ministro. Ele a esperava no gabinete de Rondeau.
Segundo a PF, o dinheiro foi repassado ao ministro por seu assessor especial Ivo Almeida Costa, que também está preso. Ivo também aparece nas imagens e leva Fátima até a saída, após o encontro.
STF libera ex-governador do Maranhão da prisão
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu na noite deste domingo dois habeas corpus para investigados pela Operação Navalha. O ex-governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares, e o ex-presidente do BRB, Roberto Ferreira Guimarães, foram liberados pelo Supremo. Os dois deixaram a carceragem da Polícia Federal no final da noite de domingo, depois de passar três dias na prisão. Do lado de fora da superintendência da PF, parentes aplaudiram quando eles saíram da carceragem. Um pequeno grupo chamou os jornalistas de urubus. Os dois devem prestar depoimento nesta segunda-feira no STF.
Sérgio Luiz Pompeu Sá teve seu pedido de liberdade provisória negado este domingo. O ministro do STF também negou a extensão de habeas corpus já concedidos a Francisco de Paula Lima Jr., Alexandre Maia Lago - sobrinho do governdor do Maranhão, Jackson Lago - e para Jair Pessine, ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente da Prefeitura de Sinop (MT), ou seja, os três deverão permanecer presos.
Os depoimentos dos detidos pela Polícia Federal na Operação Navalha , que investiga uma quadrilha acusada de desviar verbas públicas, começam a ser tomados nesta segunda-feira, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. A intenção da ministra Eliana Calmon, do STJ, é ouvir todos os depoimentos até sexta.
Neste domingo, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a Polícia Federal está fazendo as investigações necessárias, mas alertou que é preciso não haver prejulgamentos. Tarso argumentou que há várias figuras políticas citadas, inclusive presas, mas que não se pode transformar as investigações num "inquérito político". Para o ministro, é preciso separar crimes e irregularidades de "maus costumes políticos".
- Estou acompanhando o processo nas linhas mais gerais, quanto à legalidade dos procedimentos. É preciso separar o que é ilegalidade daquilo que são costumes políticos que devem ser superados no país. Uma coisa são hábitos políticos condenáveis, como liberação de emendas, relação de parlamentar com empreiteiro, que pode ser mau costume político de crimes como manipulação de editais - afirmou Tarso.
Zuleido alugou avião para senador do PT
Conversas gravadas pela Polícia Federal comprovam que o dono da empresa Gautama, Zuleido Veras, se comprometeu a pagar o aluguel de um avião usado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) em 4 de abril. O avião levaria o senador para o enterro do sogro em Barretos (SP). Delcídio pediu ao amigo Luiz Gonzaga Salomon que providenciasse o avião, que pediu então a ajuda de Zuleido para pagar a despesa de R$ 24 mil.
Gonzaga Salomon apresentava a versão de que procurara Zuleido apenas no início de maio, quando o cheque que ele deu como garantia para o aluguel iria ser depositado. Mas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram que Gonzaga Salomon entrou em contato com o dono da Gautama assim que falou com o senador petista.
O nome de Delcídio apareceu no "grampo" que a PF fez no telefone de Zuleido. Segundo a PF, Gonzaga Salomon telefonou duas vezes para Zuleido, se apresentando como "Zaga".
- Zuleido, deixa eu te fazer uma pergunta franca. Me ligou agora há pouco o senador Delcídio, que morreu o sogro dele e ele precisa ir para "Barreto" (Barretos/SP). Estou movimentando aqui e ver se eu consigo um avião para ele. Você topa ajudar isso? - disse Gonzaga Salomon.
- Topo, sem dúvida. Pode mandar bala respondeu Zuleido, que chama "Zaga" de "meu irmão".
Entre os que foram presos pela Operação estão o deputado distrital Pedro Passos (PMDB); o prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT); o prefeito de Sinop (MT), Nilson Leitão (PSDB), entre outros.
Neste sábado, a Controladoria Geral da União (CGU) divulgou levantamento sobre contratos assinados pelo governo federal, estados e municípios que envolvem a construtora Gautama, mostra que a União pagou R$ 103,1 milhões à empresa de 2000 a 2006, por serviços prestados. O levantamento é uma tentativa de mostrar que a construtora já era beneficiada por obras na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Presos começam a depor nesta segunda
Nesta segunda-feira, os depoimentos dos presos detidos pela Operação Navalha começam a ser tomados , no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. A intenção da ministra Eliana Calmon, do STJ, é ouvir todos os envolvidos até sexta-feira.
Até o início da tarde de domingo, três das 47 pessoas detidas conseguiram hábeas corpus e foram liberadas pela PF. Na noite de sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes negou pedidos de hábeas corpus a seis presos . Mais 26 pedidos foram encaminhados ao ministro neste domingo.
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