A maior parte dos brasileiros conhece e acompanha as investigações da Operação Lava Jato e acredita que elas são positivas para o país. Esta é uma das conclusões de um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas em 154 municípios do Brasil. A pesquisa também aponta que, para 83,5% dos entrevistados, a presidente Dilma Rousseff (PT) sabia dos esquemas de corrupção na Petrobras. Questionados sobre o ex-presidente Lula, 84,2% disseram que ele sabia dos esquemas.
INFOGRÁFICO: Veja os números da pesquisa sobre a Lava Jato.
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Leia a matéria completaAlém de acreditar que o petista tinha conhecimento dos desvios, para 24,5% dos consultados pelo instituto, Lula pode até ser preso pela Polícia Federal (PF). Outros 76% consideram que a presidente Dilma deve desculpas ao país. Apesar disso, quando perguntados sobre os responsáveis pela corrupção na Petrobras, apenas 26% culpam o governo. A maioria (43%) considera que a falta de fiscalização dos tribunais competentes resultou na Lava Jato.
Misto de percepções cria desilusão de mudanças, diz pesquisador
- Katna Baran
O misto de percepções de que a corrupção está alastrada pelo país, mas de que os corruptos acabam impunes cria a desilusão dos brasileiros sobre a possibilidade de mudanças no país com a Operação Lava Jato. É o que aponta o cientista político Robert Bonifácio, pesquisador do Centro de Estudos do Comportamento Político da Universidade Federal de Minas Gerais.
O especialista diz ainda que, no Brasil, o político é tido como “cidadão diferenciado”, influência das prerrogativas legais que dispõe e da ideia de que são pessoas “intocáveis”. “A imprensa noticia diariamente suspeitas de corrupção e poucas vezes se observa os políticos sendo presos”, diz. Assim, a maioria ainda pensa que eles não serão punidos.
A crise política e econômica pela qual passa o país, além da importância que o brasileiro comumente dá aos cargos do Executivo, são motivos apontados por Bonifácio para a ideia de que a presidente Dilma Rousseff (PT) deve desculpas ao país pela corrupção na Petrobras, mesmo que o governo não seja apontado como principal responsável pelo caso.
Ele acredita ainda que os políticos do Executivo serão mesmo os maiores afetados pelas investigações da Lava Jato. “Porém, a memória do brasileiro é curta para os coadjuvantes desse escândalo, que geralmente ocupam ou ocuparam cargos legislativos”, diz.
Apesar da alta visibilidade adquirida no último ano, um dos personagens centrais da Operação, o juiz federal Sergio Moro é pouco conhecido dos brasileiros: apenas 17% citaram seu nome quando perguntados sobre quem conduz os processos da Lava Jato. O levantamento aponta ainda que, mesmo sendo favorável a utilização do recurso da delação premiada pelos investigados da Operação, a maior parte dos brasileiros não acredita na palavra dos delatores.
O levantamento mostra ainda que há um equilíbrio entre os que acreditam e não acreditam nos resultados das investigações: considerando a margem de erro da pesquisa, praticamente a mesma quantidade de entrevistados considera que muita corrupção não será apurada ou trazida a público e que muita corrupção ainda será apurada pelas investigações. Porém, 49% acreditam que a corrupção no Brasil vai continuar como está mesmo após o fim da operação.
A opinião sobre a capacidade de o governo interferir nas investigações conduzidas pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF) também é dividida: cerca de 31% dizem que há total capacidade de intervenção; 35% consideram que há alguma possibilidade; e 32% acreditam que não há como o governo intervir no processo. A maioria considera, porém, que as investigações correm o risco de acabar em pizza.
Cerca de 83% dos entrevistados dizem que nunca votariam em políticos investigados pela Operação Lava Jato. A punição, para os brasileiros, deve partir do eleitorado, mas não da Justiça: para quase 48% dos entrevistados, os políticos com mandato envolvidos em corrupção na Petrobras não terão a mesma punição dos demais condenados da Lava Jato. Mesmo assim, 58% dos entrevistados dizem que a Petrobras não deve ser privatizada.
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