A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (20) o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa no Rio de Janeiro. Ele foi preso por tentar destruir provas e documentos. Costa foi detido por investigadores da Operação Lava-Jato, da PF, que apura esquema de doleiros que movimentou, de forma suspeita, R$ 10 bilhões.
Ele é suspeito de ter ganho caminhonete Land Rover do doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor da estatal também é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio por supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
Não havia mandado contra Costa. Contudo, a PF identificou que parentes dele estariam destruindo documentos na empresa de consultoria que ele abriu depois que deixou a Petrobras. A PF ainda não sabe se Costa será levado para Curitiba, onde estão 17 presos da Operação Lava-Jato. A reportagem ainda não localizou os advogados de Costa para falar sobre a prisão.
A Operação Lava-Jato foi deflagrada segunda-feira e prendeu 24 investigados em 6 Estados e no Distrito Federal por lavagem de R$ 10 bilhões, através da ocultação de bens adquiridos de forma ilícita. O doleiro Alberto Youssef é o alvo maior da missão.
Desdobramentos da operação
Vigiando os movimentos de Youssef, a PF descobriu que um aliado dele, provavelmente por sua influência, conseguiu firmar contrato de R$ 150 milhões para fabricação no Brasil e o fornecimento à Saúde do medicamento citrato de sildenafila. O negócio teve amparo em Parceria para Desenvolvimento Produtivo (PDP), criada pela Portaria 837, de 18 de abril de 2012.
A operação também deverá reacender fatos ligados ao mensalão esquema ilegal de financiamento político usado para corromper parlamentares durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula. A investigação pretende provar que Alberto Youssef era o principal proprietário da corretora Bônus Banval, e não Enivaldo Quadrado. A corretora foi responsável por diversas transações investigadas durante a apuração sobre os mensaleiros. Segundo a polícia, Quadrado é um "laranja" do doleiro. Os dois estão entre os presos na operação,
Rede movimentou R$ 10 bilhões, diz PF
De acordo com o delegado federal que coordena a investigação, Márcio Anselmo, a apuração focou, até agora, na transferência ilegal de dinheiro para o exterior. Em nove meses de trabalho, a PF descobriu centenas de contas bancárias que remetiam milhões de dólares para a China e Hong Kong (saiba mais no gráfico).
Essas contas eram de mais de cem empresas de fachada, que, por incontáveis vezes, segundo a polícia, simularam importações e exportações para o exterior com o objetivo apenas de receber e enviar dinheiro, sem que fosse concretizado o comércio com entrega ou recebimento de produtos.
Segundo Anselmo, os investigadores ficaram surpresos ao encontrar remessas feitas por várias contas de empresas de fachadas controladas por um doleiro entre 2009 e 2013 em um total de US$ 250 milhões no "câmbio oficial", que envolve operações realizadas corretamente, com registro no Banco Central. O delegado regional da unidade de combate ao crime organizado da PF no Paraná, Igor Romário de Paula, frisa que a origem do dinheiro é que era ilegal.
Muito dos recursos "lavados" eram mesclados com dinheiro lícito em fluxos de caixa das empresas usadas pelas quadrilhas, lavanderias e posto de gasolina. Em Londrina, o edifício arrendado por um grupo de hotéis, sequestrado pela Justiça, foi um dos reinvestimentos realizados com dinheiro supostamente "lavado".
O grupo também usava o método de "dólar a cabo" para transferir o dinheiro, além de transportar dinheiro fisicamente prendendo cédulas no corpo. Um dos doleiros, uma mulher, foi detida na sexta-feira passada no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, ao ser flagrada com US$ 200 mil presos ao corpo.
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