O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, disse nesta quinta-feira que não está preocupado com a possibilidade de o partido perder espaço no novo Ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como indicou o próprio Lula. Na quarta-feira, o presidente dissera que que o partido já tem o cargo mais importante no governo, que é o de presidente da República. Lula disse ainda que o governo será composto de forma diferente no segundo mandato, mas garantiu que não vai fazer uma 'salada de frutas'.

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Marco Aurélio disse que o partido tem consciência de que o presidente terá que fazer um governo de coalizão com as forças que o ajudaram na reeleição, e afirmou que o PT terá o espaço que merece no Ministério.

- Não, não preocupa, eu sempre declarei que este é um governo de coalizão, que se dá em torno de programas de governo. Devem participar dele todas as forças que aprovam os programas. Eu acho que foi uma grande conquista desta eleição no segundo turno a mobilização de energias políticas muito grandes. Espero que esssa forças que se mobilizaram para eleger Lula sejam capazes de ajudar a executar o programa de governo. O PT terá a participação que merece no governo Lula, e eu acho que será uma boa participação - disse.

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Em linha, o governador do Acre, Jorge Viana (PT), disse que o partido não tem que brigar por cargos na reforma ministerial e deve deixar o presidente à vontade para formar com calma sua nova equipe de governo. Para ele, o partido deve evitar criar uma crise neste momento, já que o presidente saiu das urnas com uma vitória de 60,82% dos votos.

- O PT tem o melhor espaço que um partido poderia sonhar, que é o de presidente da República. Quem tem esse cargo não tem que brigar por outro. Nós do PT temos que parar de forçar uma espécie de crise depois de uma vitória. A crise tem que estar em quem perdeu a eleição. Nós ganhamos - disse Viana, depois de um encontro com o presidente Lula.

Depois de uma reunião de quase quatro horas, a bancada do PT na Câmara decidiu que o partido tem que defender seu espaço no segundo mandato de Lula. Os deputados petistas deram o tom de como vão proceder durante o processo de formação da equipe do próximo governo: vão brigar por espaços ideológicos, políticos e administrativos.

Já o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse que o partido está seguro de que será um grande protagonista no Ministério de Lula. Segundo Fontana, o PT não está preocupado com números, e sim com uma formação adequada do governo.

- Estamos seguros de que o presidente Lula fará um grande Ministério, e o PT será um grande protagonista neste Ministério. Não faremos contas de números, de mais ou menos ministérios. Estamos seguros de que o presidente conduzirá de maneira adequada a formação desse Ministério.

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Fontana pretende marcar uma reunião com Lula, e sugeriu que, pela afinidade com o presidente, os líderes e a Executiva do partido estejam juntas na reunião. Ele chegou a brincar com o slogan da campanha de reeleição, dizendo que, primeiro, foi 'Deixa o homem trabalhar', depois o próprio Lula sugeriu 'Deixa o homem descansar', e agora deveria ser 'Deixa o homem pensar'.

- Nós confiamos no presidente Lula como um grande condutor de um grande ministério de alta qualidade técnica. O PT deseja ter um protagonismio estratégico e queremos deixar o Lula à vontade. Existe muita especulação numérica em torno dos ministérios. Uma formação de Ministério não é uma aula de matematíca, mas uma aula de política, algo estratégico. Sempre é difícil montar um Ministério, sempre há muitas pessoas qualificadas para um cargo só.

Diante da insistência dos jornalistas, que queriam saber se o PT iria gritar por espaço no governo, como afirmou recentemente o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte, Henrique Fontana respondeu apenas que o partido vai intensificar o diálogo com Lula.

- O PT tem um diálogo qualificado com o presidente. Vamos intensificar esse diálogo.

Nesta quinta, Lula voltou a dizer que não tem pressa para formar a equipe do segundo mandato:

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- Mais reunião do que estou fazendo é impossível - disse Lula sobre o papel de articulador político, acrescentando:

- Eu tenho até 31 de dezembro.

Presidência no PT

Marco Aurélio Garcia, cumprimenta o deputado Ricardo Berzoini, durante reunião com a bancada do partido na Câmara - Roberto Stuckert Filho/O Globo

Também nesta quinta-feira, Marco Aurélio Garcia que cabe ao presidente licenciado do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), decidir se volta ou não ao comando do partido, do qual se afastou após seu nome ser envolvido na tentativa de compra de um dossiê contra políticos tucanos.

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- A prerrogativa de voltar à presidência do partido é do próprio Berzoini. Cabe a ele decidir quando voltar - afirmou.

Jorge Viana, por sua vez, acha que o PT tem que passar por uma mudança interna e ganhar "novos sotaques", mas foi enfático ao afirmar que essa discussão só deve ocorrer no ano que vem. Ele considera, no entanto, que Garcia deve ser mantido na presidência do partido.