O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta sexta-feira (21) que o novo relatório elaborado sobre as investigações da Operação Satiagraha é "técnico e mais profundo". Questionado sobre se o texto corrige o anterior, o ministro respondeu que não lhe cabe fazer este tipo de avaliação.
"O que eu disse para vocês (imprensa) a respeito desse relatório é que seria técnico, que seria mais profundo, que seria desapaixonado e não-midiático e assim o foi", afirmou, após reunião de ministros da Justiça do Mercosul e países associados, em Porto Alegre.
Sobre as questões técnicas e jurídicas do relatório, Genro afirmou que cabe à Justiça se manifestar. O novo relatório afirma que a polícia percebeu, no transcorrer da investigação, que "a organização criminosa liderada por Daniel Dantas faz uso de corrupção e intimidação para alcançar seus objetivos", atribuindo ao banqueiro do Opportunity crimes "contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro, crime de lavagem de capitais e formação de quadrilha".
Ao comentar a divulgação da gravação que registrou reunião da Polícia Federal (PF) sobre a Satiagraha, o ministro da Justiça disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos "se apropriou do documento legalmente e resolveu divulgar". Cópia da gravação foi requisitada pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que integra a CPI. O ministro afirmou que a PF não tem nada a esconder, a não ser nos casos em que a divulgação possa favorecer "um marginal ou corrupto" que está sendo caçado pelo órgão.
Divisão da PF
Tarso Genro negou a existência de divisão na PF, sugeridas por divergências na reunião. "Isso é um mito que vocês estão criando", disse. "O que existe é um inquérito que está avaliando um trabalho feito por uma determinada pessoa", acrescentou, referindo-se ao delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Satiagraha e depois foi afastado do caso.
"Onde está o racha?", indagou. "Onde está a mobilização de pessoas da Polícia Federal contra a direção?", prosseguiu, citando, como exemplo, que ontem o corregedor da corporação foi indicado por unanimidade em reunião entre os superintendentes do país. Deflagrada no dia 8 de julho, a Satiagraha chegou a prender, além do o banqueiro, o megainvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta, entre outros.
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