O Ministério Público de Minas entrou com ação por improbidade administrativa contra o senador Zezé Perrella (PDT) por enriquecimento ilícito e lesão ao erário de 2007 a 2010, quando era deputado estadual. A investigação da Promotoria do Patrimônio Público diz que Perrella recebeu quase R$ 1,3 milhão de verba indenizatória, mas os gastos não teriam relação com a atividade parlamentar.
Segundo os promotores que assinaram a ação em maio, Perrella recebeu reembolso por atividades de cunho privado ou por serviços não comprovados. Como deputado estadual, ele tinha direito a até R$ 20 mil mensais para despesas como aluguel de imóvel ou transporte. Na época, Perrella estava no PSDB. Em 2009, migrou para o PDT, da base do então governador Aécio Neves (PSDB).
Só com “assessoria contábil e tributária”, Perrella gastou R$ 198,3 mil. Para a promotoria, os serviços não tinham “qualquer caráter público”. O então deputado foi ressarcido em R$ 187,8 mil por despesas com divulgação de atividade parlamentar por meio de serviços gráficos. Contudo, donos de empresas ouvidos no inquérito não confirmaram os serviços ou não comprovaram a execução do trabalho. O representante de uma gráfica disse que a empresa estava desativada na época.
Perrella também pediu ressarcimento de R$ 175,8 mil referentes a combustível para um avião particular. O caso chamou a atenção da promotoria, pois a maioria dos voos ocorreu em vésperas de fins de semana ou feriados e até para destinos fora de Minas, como Rio, São Paulo e Salvador.
Os promotores ressaltam que, no período para o qual pediu reembolso, Perrella faltou a 89 das 101 sessões na Assembleia, o que reforça as suspeitas de uso da verba para fins pessoais.
À reportagem, Perrella classificou a investigação como uma “perseguição do promotor Eduardo Nepomuceno [um dos autores da ação]”. Ele disse ter denunciado o promotor no Conselho Nacional do Ministério Público e que “os gastos realizados no período como deputado foram legais”.
Em 2014 o Ministério Público ajuizou ação civil contra o ex-deputado estadual Gustavo Perrella (SD), filho do senador, por uso de verba da Assembleia para abastecer um helicóptero da empresa da família, o mesmo que no ano anterior havia sido apreendido com 445 kg de cocaína. Na ocasião, a aeronave era pilotada por um ex-funcionário da Assembleia indicado por Gustavo. A PF isentou Gustavo Perrella de relação com a droga apreendida.