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Du Moscovis faz monólogo misterioso em O Livro | Paula Kossatz/Divulgação
Du Moscovis faz monólogo misterioso em O Livro| Foto: Paula Kossatz/Divulgação

GUIA GAZETA DO POVO

O Guia Gazeta do Povo selecionou programas imperdíveis para você fazer na cidade logo após ver uma peça durante o Festival de Curitiba. Que tal esticar a noite com um jantar romântico, uma balada ou um barzinho para tomar aquela cerveja gelada com os amigos?! Assista ao vídeo e veja as dicas

"Vou cegar até o fim desta noite. Na frente de vocês". As palavras saem da boca de Eduardo Moscovis como um alerta da própria condição de seu personagem para o público. Já notificados pelo material de divulgação, todos sabem: o protagonista do monólogo O Livro vai perder a visão até o final do espetáculo - que aconteceu na quarta-feira (30), às 21h, no Barracão CIETEP.

A montagem, dirigida por Christiana Jathay, foi um dos primeiros espetáculos a ter os ingressos esgotados na edição deste ano do Festival de Curitiba. Contando com apenas duas apresentações, a última na noite desta quinta-feira (31), o público interessado em conferir o desempenho de Moscovis precisou correr para garantir um lugar na plateia.

E o esforço vale a pena. Comandando sozinho o texto assinado pelo dramaturgo Newton Moreno, o ator se sai muito bem. Alterna momentos de conversa despojada com a personificação intensa do drama de seu personagem.

No começo do espetáculo, Moscovis senta informal em uma cadeira. Na plateia, as pessoas silenciam e esperam. O personagem olha para todos e começa a falar. No meio do caminho ele avisa: "este já é o texto". Rapidamente, os olhares para a público ganham significado. Em breve, ver será algo impossível.

Na trama, o personagem recebe do pai um livro com um aviso: quando terminar de ler, vai estar cego. A curiosidade o leva a abrir a obra, representada no palco por um grande pergaminho branco. Conforme encara as palavras, que surgem na "página" do livro por um jogo de iluminações, o personagem encontra sua própria história. É possível pensar que o texto de Moreno encara cegueira como um luto, que precisa ser aceito como parte da própria condição humana.

A peça ganha charme nas formas geométricas do Barracão CIETEP – espaço em que O Livro foi encenado no Festival. Rústico, mal iluminado e frágil, o cenário serve para que Moscovis expanda sua angústia rasgando o chão em que pisa e quebrando as paredes de lona. O eco dos sussurros do ator também parece casar bem com a produção, embora o público das últimas fileiras da arquibancada improvisada para a encenação não concorde muito.

Ao fim do espetáculo, que tem uma duração aproximada de 45 minutos, o público finalmente observa a consumação do processo de cegueira. O personagem questiona sobre o dia e a noite após abrir uma janela. Porém, sentado em uma cadeira de frente para a plateia, não consegue mais ver ninguém.

Serviço

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