No segundo dia da greve dos bancários no Paraná, a 13.ª Vara de Trabalho de Curitiba concedeu ao banco Bradesco, nesta quinta-feira (9), uma ação de interdito proibitório, que assegura que não ocorra paralisações nas 73 agências do banco privado em Curitiba e região. Com isso, o sindicato não pode interromper ou impedir que cerca de 1.200 funcionários compareçam ou trabalhem nas unidades. Caso a ordem seja descumprida, uma multa de R$ 70 mil por hora e por agência pode ser aplicada.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias, afirmou que a categoria recebeu com surpresa a liminar. "O valor da multa é astronômico. São R$ 420 mil por dia em cada agência. No total, a multa fica em torno de R$ 30 milhões diários. Quem deveria pagar por esse valor seria o Bradesco e não um sindicato", afirma Dias. "Nossa greve está dentro da legalidade".
Nesta sexta-feira (10), o sindicato promete entrar com uma ação judicial no Tribunal Regional de Trabalho (TRT) contra a decisão. Nasser Allan, advogado do sindicato, diz que a intenção é a de suspender a determinação. "Queremos que o TRT tenha mais sensibilidade, e que, no mínimo, ocorra uma diminuição no valor da multa", afirma Allan. O advogado ainda informa que os funcionários do Bradesco vão trabalhar normalmente nas agências, cumprindo a decisão.
Durante esta semana, outros bancos privados entraram com ações de interdito proibitório contra a greve dos trabalhadores. O sindicato recorreu na Justiça e teve resultados positivos aos trabalhadores, disse Allan.
Em nota, a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) informou que os bancos associados têm o dever de assegurar o direito de acesso às agências por parte de clientes, funcionários e do público em geral. A Fenaban afirma que os bancos privados podem adotar, sempre que necessário, o interdito proibitório, pois constitui medida judicial prevista no Código Civil e tem como objetivo garantir o acesso a coisas e bens. Segundo a Fenaban, o interdito é o instrumento legal que garante o direito do público de utilizar os serviços bancários em caso de desrespeito à lei de greve, pelos piquetes sindicais.
Paralisação
O segundo dia de greve dos bancários terminou com saldo de 48% de agências fechadas, 160 de um total de 329, e 13.300 trabalhadores pararam em Curitiba e região metropolitana, informou o sindicato da categoria nesta quinta-feira (9). No interior do Paraná, cerca de 2.500 profissionais de 140 bancos aderiram à greve e interromperam todas as atividades. Nos 11 centros administrativos do HSBC e Caixa Econômica Federal também não houve expediente. A intenção do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região para os próximos dias de greve é de crescimento nas paralisações espontâneas dos trabalhadores. "Nossa proposta é fortalecer o movimento", afirmou Sônia Boz, diretora do sindicato.
Das agências que não funcionaram, 96 são bancos públicos Caixa e Banco do Brasil (BB), e 64 são instituições financeiras privadas. Dos bancos públicos na capital, apenas a agência BB, na Rua Benjamin Lins, 610, bairro Batel, está aberta, segundo o sindicato.
O único serviço disponível aos clientes dos bancos fechados foi o auto-atendimento. Nos bancos privados o trabalho de recolhimento de depósitos e reposição do dinheiro foi feito por funcionários terceirizados e nos bancos públicos o trabalho foi supervisionado por gerentes das agências. A assessoria de imprensa do sindicato informou que o trabalho de manutenção dos caixas eletrônicos não foi interrompido e que não houve nenhum problema durante o dia.
Interior
Os bancários do Paraná também intensificaram a paralisação no interior do estado. Um balanço apontou que trabalhadores de 21 municípios aderiram à greve, contra 11 de quarta-feira. Os municípios onde os bancários cruzaram os braços são: Cascavel, Goioerê, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Paranaguá, Maringá, Apucarana, Arapoti, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Londrina, Paranavaí, Umuarama, Santa Helena, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Santa Terezinha do Iguaçu, Missal, Medianeira e São José das Palmeiras.
Em Londrina e região, no Norte, 46 agências ficaram de portas fechadas nesta quinta-feira. Cerca de 1.300 funcionários suspenderam todas as atividades. Segundo o presidente do sindicato da categoria de Londrina, Geraldo Fausto dos Santos, a expectativa é que mais funcionários entrem em greve espontaneamente.
Em Foz do Iguaçu, no Oeste, 13 agências não abriram as portas. A presidente do Sindicato dos Bancários de Foz do Iguaçu e região, Cristina Delgado, disse que a adesão aumentou no segundo dia de paralisação, atingindo também bancos privados. Ficaram fechadas as seis agências da Caixa, as quatro do Banco do Brasil e as três do HSBC do município, informou Cristina.
Reivindicações
Os bancários reivindicam aumento salarial de cerca de 13%, sendo 8% de perdas com inflação e 5% de aumento real. Também pedem mais investimento dos bancos em segurança nas agências e imediações; mais contratações; aumento na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), dentre outras reivindicações.
Orientações
Para quem tem contas com vencimento nos próximos dias, as casas lotéricas fazem grande parte dos serviços bancários, como recebimento de boletos de qualquer banco, inclusive impostos (exceto IPVA parcelado e guias GR e DARF) até o valor de R$ 500. Ainda nas lotéricas, correntistas da Caixa podem pagar contas do banco até o valor de R$ 2 mil, sacar até R$ 1 mil e depositar até R$ 500; enquanto clientes do Banco do Brasil podem sacar até R$ 200.
Nas agências dos Correios, qualquer pessoa pode pagar tributos federais e estaduais, faturas e títulos, contas de água, luz e telefone e boletos de qualquer banco dentro do vencimento. Correntistas do Bradesco (parceiro atual do Banco Postal) podem sacar até R$ 600 por dia e fazer depósitos.
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