Candidatos se apressam para não perder o horário em um dos locais de prova em Curitiba| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A segunda aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), voltado para 277.624 participantes neste fim de semana, teve abstenção de 39,7% e 41,4% no primeiro e segundo dia de prova, respectivamente. No total, considerando também a aplicação do teste há cerca de um mês, a taxa geral de ausentes chegou a 30,4% (2,6 milhões de estudantes), confirmando o maior índice de não comparecimento desde 2009, que ficou em 37%. O dado desanimador já havia sido sinalizado com os dados da edição regular do Enem, feita em novembro passado.

CARREGANDO :)

Esse índice foi maior no Paraná. Dos 43.617 participantes desta segunda aplicação, 18.378 faltaram no primeiro dia (42,13%) e 18.978 no segundo (43,51%).

O ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou que a pasta estuda mudanças no Enem. Ele não quis adiantar nenhuma medida, dizendo que o governo lançará uma consulta pública sobre o assunto. Mas as alterações já consensuais, pelo menos entre a cúpula do MEC e do Inep, passam pela diminuição do tamanho do Enem, tendo em vista o índice de abstenção tradicionalmente elevado na prova, entre 27% e 30% nos últimos anos.

Publicidade

Combate ao racismo é tema de redação na 2ª aplicação do Enem em 2016

Leia a matéria completa
Veja também
  • Apesar de vazamento confirmado pela PF, MEC não vai anular Enem
  • Inquérito da PF aponta que houve vazamento da prova do Enem 2016
  • Candidatos participam de segunda aplicação do Enem neste fim de semana

“Parte significativa dos inscritos sequer consultou o cartão de inscrição pela internet. Mostra um total desinteresse dessas pessoas de fazerem a prova do Enem”, afirmou Mendonça.

Ele fez questão de ressaltar o prejuízo econômico da abstenção de mais de R$ 200 milhões. “A abstenção de 2,6 milhões, a um custo médio de R$ 90 por prova, significa que o governo federal algo como R$ 235,9 milhões que simplesmente não foram aproveitados. Foram praticamente R$ 236 milhões investidos para atender os inscritos que não compareceram”.

Entre as medidas estudadas pelo governo, está vetar o Enem aos chamados “treineiros” — estudantes que ainda não chegaram ao 3º ano do ensino médio. Participantes que querem apenas a certificação do ensino médio, hoje obtida pelo Enem, deverão ter um exame específico. A gratuidade, garantida a pessoas que declaram carência, também poderá ser negada a candidatos que se inscrevem por anos consecutivos.

Publicidade

Maria Helena Guimarães de Castro, secretária-executiva do MEC, lembrou que os recursos desperdiçados são dos contribuintes. “Isso é dinheiro do povo brasileiro. São recursos do Tesouro, então nós temos obrigatoriamente que observar o compromisso do Inep, do MEC, do governo, com uma prova tão séria como é o Enem”.

Investigações

Cerca de 70 investigados que fariam prova neste fim de semana, como desdobramento das investigações que a Polícia Federal vem fazendo para combater fraudes, não compareceram ao Enem, segundo Mendonça Filho. Ele disse que o não comparecimento nesses casos é natural porque os criminosos se recolhem quando sabem que há uma apuração.

Mendonça anunciou também que dezesseis pessoas que entraram em universidades beneficiadas por fraudes em edições anteriores do Enem — e descobertos agora a partir das investigações — deverão ser desligados dos cursos nos próximos dias.