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Obras de arte, charges e cartuns são outras ferramentas usadas para testar a habilidade do estudante na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. A professora Janaína Alves More, do colégio Positivo, diz que há principalmente dois tipos de questão: as que relacionam texto e contexto (que exigem que o candidato faça associações, considerando o período histórico e político em que a obra foi produzida) e as que abordam prosa e poesia (que exigem uma capacidade de interpretação mais rebuscada). "O Enem trabalha principalmente com a ideia de transfiguração do real. Usa uma obra ficcional para fazer relação de intertexto com a realidade atual. No caso de uma obra de arte específica, a prova faz uma relação entre a obra e o período em que ela foi produzida."

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Na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), saber interpretar o texto do enunciado pode ser mais importante do que conhecer um conteúdo específico. Isso vale também para as perguntas com trechos de obras literárias. Diferente dos vestibulares, que exigem leitura prévia das obras selecionadas, o Enem não cobra uma lista de livros e dá mais ênfase à habilidade de interpretação.

Para desenvolver essa competência, é importante criar o hábito de ler diariamente. "O Enem, embora não tenha lista de leituras obrigatórias, valoriza os leitores capazes de relacionar textos com a literatura brasileira", diz a professora Janaína Alves More, do colégio Positivo. Entre os autores frequentes no exame ela cita Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Graciliano Ramos, Vinícius de Moraes, Érico Veríssimo, Jorge Amado e Clarice Lispector.

Na edição passada, apareceram nas questões do Enem trechos de livros como A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, poemas de Jorge de Lima e de Adélia Prado. Em 2012, havia na prova trechos de autores como Luiz Fernando Veríssimo, Manoel de Barros, Lima Barreto, Rubem Fonseca, Cecília Meireles, Rubem Alves e Cacaso.

Segundo o compositor e professor de Literatura Marcelo Brum-Lemos, do colégio Bom Jesus, é difícil prever as obras e autores mais prováveis para a edição deste ano, mas é possível identificar a frequência de poetas modernistas nas últimas edições, como Vinícius de Moraes e Mário Quintana. "A poesia modernista é recorrente. Costumam aparecer poemas famosos, mas também podem ser destacadas obras mais ‘obscuras’ de cada autor", diz. Além da poesia, as letras de música fazem parte da prova de Linguagem. De acordo com o levantamento do professor, no ano passado, de 45 questões, pelo menos seis tinham poemas ou letras de música. Em 2012, foram nove poemas e letras de música.

Ao se deparar com essas obras, o candidato precisa ter habilidade para compreender textos poéticos e conhecimento das técnicas clássicas de composição. "O Enem dá chance para que o aluno, mesmo que não saiba o conteúdo, pratique a habilidade na interpretação", diz Lemos.

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A dica do professor é que o candidato leia um ou dois poemas por dia até a prova. Esse hábito familiariza o estudante com a linguagem literária e reduz o tempo de resolução das questões. "Se ele tem maior facilidade na leitura de texto literário, consegue resolver a prova mais rapidamente e com segurança", explica.

Relembre características e autores do período Modernista

Segundo a professora Janaína Alves More, o Modernismo do século XX é um dos mais abordados nas provas porque concentra uma alta produtividade de autores brasileiros nas três gerações. Na primeira delas, em 1922, aconteceu a Semana de Arte Moderna, com um projeto de arte inovador e influenciado pela vanguarda modernista europeia, principalmente o Futurismo e o Expressionismo, trazidos por artistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

As próximas gerações representam a fase de amadurecimento do modernismo, valorização do aspecto formal e do verso livre, recurso bastante utilizado na poesia. Os temas frequentes são o questionamento sobre existência humana, o sentimento de estar-no-mundo, inquietação social, religiosa, filosófica, amorosa. Destacam-se Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego e Érico Veríssimo. Na poesia, Murilo Mendes, Jorge de lima, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade são os principais representantes. Conheça um pouco da obra desses autores.

Jorge de Lima (1893-1953): algumas de suas obras são Poemas Escolhidos (1932); O Anjo (1934) e Tempo e Eternidade (1935). Além da literatura, também se dedicou às artes plásticas. Em 1940, recebeu da Academia Brasileira de Letras o Grande Prêmio de Poesia. A religiosidade é uma das principais temáticas da sua poesia.

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Mário de Andrade (1893-1945): ajudou a realizar a semana de 22 ao lado de Oswald de Andrade, e é bastante marcado pelo nacionalismo. Entre as obras mais representativas do autor estão Amar, verbo intransitivo, Macunaíma e Pauliceia desvairada, o livro que marca o início do modernismo literário no Brasil. Macunaíma, lançado em 1928, buscava a valorização da cultural nacional. O protagonista é um herói preguiçoso que vive em uma tribo amazônica. No livro, o autor aproxima a linguagem da fala popular, algo até então não experimentado dessa forma na literatura brasileira. A estrutura da narrativa também foge do tradicional, sem seguir ordem cronológica.

Cecília Meireles (1901-1964): Uma das obras mais expressivas é Romanceiro da Inconfidência (1953), poema lírico-narrativo, de perfil histórico, que narra nos versos o contexto da Inconfidência Mineira. A escritora também tem poemas que falam sobre a passagem do tempo e da vida. Sua obra se caracteriza principalmente pela estética próxima à do Simbolismo.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): O poeta mineiro nasceu em outubro de 1902, e é um dos representantes da poesia modernista. Entre as principais obras estão as coletâneas de poemas Sentimento do mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945).

Vinícius de Moraes (1913-1980): Podem aparecer na prova seus trabalhos como escritor e como compositor popular (o poeta participou do grupo da Bossa Nova, com Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, nas décadas de 50, 60 e 70). Entre as obras mais conhecidas estão O operário em construção, poema escrito em 1959, e Garota de Ipanema, parceria com Tom Jobim.

Mário Quintana (1906-1994): Mestre das epigramas - poemas pequenos e reflexivos – o poeta gaúcho publicou mais de 20 livros, além das antologias. A última publicação foi lançada em 1990, "Velório sem Defunto", quando Quintana tinha 84 anos.

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