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 | Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo
| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Quando subiu no palco para receber o prêmio de Craque Revelação do Brasileirão 2008, Keirrison não era surpresa para ninguém. O atacante do Coritiba já deixou de ser revelação há muito tempo. Desde que foi trazido do Cene-MS, em 2004, o jogador de 20 anos recém-completados conquistou a torcida alviverde, quebrou marcas expressivas no clube e ganhou títulos. Mesmo sem esconder a alegria, o K9 não deixa a humildade de lado.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo Online, Keirrison corrobora declarações anteriores, nas quais garante que vai cumprir o seu contrato com o Coxa até abril do próximo ano. O jogador diz que não pensa em transferências neste momento, mas não esconde a indignação com dirigentes do Alviverde quando o assunto é a briga judicial pelos seus direitos federativos e econômicos.

O jogador assegura que sua relação com os irmãos Marcos e Naor Malaquias, donos da Mais Sports Brazil, é como "uma família" e acredita que existe muitas pessoas "querendo aparecer" às suas custas. Enquanto curte férias e o assédio, Keirrison só conjuga um verbo em quase todas as suas respostas: trabalhar. É desta forma que o avante espera chegar à seleção brasileira em 2009.

Confira o papo na íntegra com o atacante Keirrison:

Gazeta do Povo Online – Artilharia do Brasileirão, prêmios, especulações para o exterior, e tudo com apenas 20 anos. Você acha tudo está indo muito rápido na sua vida?

Keirrison – Procuro trabalhar, sempre quis alcançar estes objetivos, e tudo é fruto de muito suor. As coisas estão acontecendo rapidamente, mas não fico sentado no sofá. Eu corri atrás de tudo isso, fico surpreso com a velocidade das coisas, mas estou feliz. Só penso em trabalhar ainda mais para continuar neste nível.

Gpol – Cada dia que passa pinta um clube novo para você na Europa. Já te colocaram no Real Madrid, no Valencia, no Barcelona, entre outros. É para lá que você espera ir após o fim do seu contrato com o Coritiba?

Keirrison – Eu não penso nisto agora. Meu pensamento é em cumprir meu contrato até abril (de 2009). Depois disso, as coisas vão se encaminhar, está tudo nas mãos de Deus. Não tenho nada definido, está tudo aberto e a escolha será feita no momento certo.

Gpol – A Traffic continua querendo te levar para o Palmeiras, o próprio técnico Vanderlei Luxemburgo disse que quer você lá para a Libertadores. Isto mexe contigo de alguma maneira, ter um clube como o Palmeiras fazendo o máximo dos esforços para te ter lá o quanto antes?

Keirrison – É uma honra ter um treinador com tantos títulos querendo você em seu clube. Acho muito bom ele querer trabalhar comigo, me dá muito orgulho, e não escondo que tenho interesse de trabalhar com ele. Fico feliz, mas não depende de mim, tenho contrato com o Coritiba e vou cumpri-lo. Sou grato a ele por essa posição, o acompanho há muito tempo, mas a situação atual é essa.

Gpol – O René Simões falou recentemente que teve de te colocar no banco no ano passado para te recolocar nos trilhos, durante a Série B. Ele fez algo parecido com o Tarta no Fluminense neste ano. Você acha que aquela atitude foi importante para você chegar até aqui?

Keirrison – Ajudou sim. Lógico que naquele momento eu fiquei bravo e irritado, porque ninguém quer ficar de fora, mas o futebol é assim. Os problemas acontecem, trabalhamos o ano todo, e não envolveu apenas aquela situação. O René me mostrou o ano todo que tinha coisas para melhorar, e eu procurei ouvir. É sempre importante ter humildade e ouvir as pessoas, ter consciência de que o que te falam é bom para você.

Gpol – E o trabalho do Dorival Júnior neste ano, qual a sua avaliação?

Keirrison – Para mim o Dorival é um excelente treinador, deveria estar entre os melhores do Campeonato Brasileiro. Durante todo o ano ele nos passou tranqüilidade, mostrou muita qualidade e fiquei feliz em trabalhar com ele. É um técnico novo, que já tem muitos títulos mesmo com pouco tempo de carreira, e que vai crescer muito. Aprendi muito com ele, foi um prazer trabalharmos juntos, fui um aluno dele.

Gpol – Nas ruas aqui em Curitiba, como tem sido o assédio atualmente?

Keirrison – Todo mundo reconhece né, e eu fico grato e feliz com este carinho das pessoas. Para mim não tem o que pague este reconhecimento, este carinho. Até torcedores de outros times me param pedem autografo, para tirar foto, e eu procuro dar atenção, independente de ser torcedor do Coritiba ou não, por é preciso ter respeito pelas pessoas.

Gpol – A polêmica envolvendo a sua situação no Coritiba sucinta a reclamação da torcida sobre a conduta dos seus empresários (Marcos e Naor Malaquias). Apaixonado, o torcedor acha que eles fazem a sua cabeça. Qual é a sua opinião e posição sobre este assunto?

Keirrison – A minha opinião é que estou feliz com os empresários que eu tenho. Foi o Marquihos e o Carlinhos (Gabriel Massa, filho de Ratinho e ex-sócio dos Malaquias) que me compraram e me trouxeram para o Coritiba. As pessoas querem me colocar contra eles, os torcedores acham que eles são vilões, que querem o mal do clube, e é totalmente diferente. Estou com eles há quatro anos, e eles fizeram muito pelo Coritiba. Eles realizaram a maior venda da história do clube (do lateral-direito Rafinha ao Schalke 04, em 2005, por 5 milhões de euros), ajudaram no período da Série B, e eles têm amor ao clube. Eles não pensam só em dinheiro como falam. Estou feliz com eles e os considero mais do que empresários, mas sim meus amigos. Não sei como é a relação entre outros jogadores e empresários, mas a minha é uma relação de família mesmo. São pessoas que procuram me ajudar de todas as formas, me compraram quando ninguém me conhecia. Algumas pessoas no Coritiba falam que me revelaram, e hoje querem aparecer, já que eu consegui vencer aqui. A direção está querendo forçar uma coisa que não é verdadeira, e eu não estou defendendo o Marquinhos e o Naor porque são meus empresários, mas sim porque eu sei os dois lados, sei a verdade. O lado que eu defendo é o meu próprio.

Gpol – Se você for ficar no Coritiba até abril, quais as suas metas em 2009? Deixar o time com o bicampeonato paranaense?

Keirrison – Vou cumprir o meu contrato, e vou continuar fazendo como sempre fiz. Vou entrar sempre em campo para vencer, o campeonato será difícil, mas com todo o respeito aos outros times, quero ganhar e colocar o Coritiba no topo. O clube merece isso.

Gpol – Ser comparado com o Romário, como vem acontecendo na Europa, causa qual sensação?

Keirrison – É um privilégio ouvir as pessoas me compararem com um grande ídolo. Era um atacante artilheiro, campeão do mundo, que eu admiro desde pequeno. Estou demonstrando o meu trabalho, e é ótimo ouvir este tipo de coisa. Tenho até DVD com lances e gols do Romário, procuro assistir para aprender alguma coisa com ele.

Gpol – Você foi eleito a revelação do Brasileirão, e recebeu o prêmio das mãos do técnico Dunga, da seleção brasileira. Chegar lá é o próximo passo na sua carreira?

Keirrison – Fiquei muito feliz, ele me entregou o prêmio junto com o Jorginho, e os dois me deram a maior força, assim como quando estive lá (na preparação da seleção olímpica). São pessoas vencedoras, e meu sonho é chegar lá. Agora é continuar trabalhando, porque o meu objetivo é ser convocado em 2009, e vou me preparar para que isto aconteça.

Gpol – O seu Adir, seu pai, falou recentemente que o seu irmão mais novo, o Kayon, é a aposta da família. Na sua opinião, o novo craque do clã dos Carneiro vai ser melhor do que o Keirrison?

Keirrison – Espero que sim, meu irmão tem só quatro anos, mas já vemos potencial nele. Estamos esperando, porque não dá para saber se ele será mesmo jogador de futebol. Vamos deixar ele escolher, se ele for jogador eu ficarei feliz, e quero que seja bem melhor do que eu. É algo que vem do berço, mas se ele não for jogador, não tem problema, já que cada um tem o seu dom, aquele que Deus lhe deu.

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